Em março deste ano, a coronel Arlene de Sousa da Silva Villela, comandante do 12º Comando Regional de Polícia Militar (CRPM), lançou, em Florianópolis, o livro ‘Polícia Militar Feminina em Santa Catarina: 40 Anos de História’. A publicação da obra marca justamente as quatro décadas do ingresso de mulheres na Polícia Militar do Estado, algo que só foi possível a partir de 1983, quando a Lei nº 6.209 criou o quadro de policiais femininas.
Naquele ano, a Polícia Militar de Santa Catarina recebeu as primeiras integrantes do quadro de policiais femininas. As inscrições ofereciam vagas para sargentos oficiais e atraiu candidatas de inúmeras cidades. Em junho de 1983, foram selecionadas 27 mulheres, que iniciaram aulas na Academia de Polícia Militar em Florianópolis e se formaram como sargentos em dezembro do mesmo ano, a princípio atuando apenas na capital, especialmente em áreas de atendimento a populações vulneráveis. Hoje, a PMSC conta com quase mil mulheres policiais – o que representa 10% do efetivo total – desenvolvendo trabalhos em todos os níveis da corporação.
“A ideia do livro é dar voz a mulheres que entraram para a PM no decorrer desses 40 anos, desde quando tinham que cortar os cabelos bem curtos até os dias atuais, em que elas ocupam cargos em todas as áreas de atuação da Polícia Militar. É uma forma de mostrarmos, sob o ponto de vista feminino, o que passamos e sentimos ao fazer parte de tão fantástica instituição”, destaca a coronel.
A publicação está disponível na biblioteca da PMSC, em formato digital e gratuito. Basta acessar página e fazer o download.
Os desafios no início da carreira
Natural de Florianópolis, Arlene cursava Química na UFSC e tinha 21 anos quando ingressou na PMSC, em 1992, como soldado. Em 1993, após concorrido vestibular, conquistou uma das três vagas existentes para mulheres no Curso de Formação de Oficiais da PMSC.
“Nos primeiros 15 anos, atuei em unidades operacionais em Chapecó, Joinville e Jaraguá do Sul. As conquistas dos espaços vinham à medida que íamos nos aperfeiçoando em cada atividade e, com o tempo e boa vontade, você conquista seu lugar por mérito. Meu maior desafio foi atuar fora de Florianópolis, a cidade onde nasci, sem a presença da família, sem laços e distante o suficiente para não ter como fazer aquelas trocas familiares dos dias bons e os não tão bons assim”, conta.
Com 30 anos de serviços prestados à instituição, Arlene, que é filha de um sargento da PM, diz que estar à frente do 12º CRPM, responsável por três batalhões e 12 municípios, que inclui as regiões do Vale do Itapocu e Planalto Norte, “é a realização de um sonho”.
Esposa e mãe
Atualmente com 52 anos, Arlene casou-se em 1998 com Fernando Villela, ano em que ele veio para Jaraguá do Sul para trabalhar na WEG. Aqui, nasceram as duas filhas do casal: Helen, de 19 anos, e Lara, de 17.
Quando está de folga, a coronel da PM dedica parte do seu tempo para a leitura. “Gosto muito de ler. Em 2000, ingressei na primeira turma de Direito da então Unerj, de Jaraguá do Sul, hoje Católica SC, mas foi na conclusão da graduação em Pedagogia pela Udesc que encontrei minha paixão por leituras na área de ensino”, conta.