Saiba quem é a dançarina australiana de breaking que viralizou em Paris 2024

Foto: Elsa/Getty Images

Por: Isabelle Stringari Ribeiro

12/08/2024 - 14:08 - Atualizada em: 12/08/2024 - 14:11

Rachael Gunn, conhecida no mundo do breaking como B-girl Raygun, chegou a Paris com grandes expectativas para sua estreia olímpica, mas retornou como uma sensação viral nas redes sociais. Aos 36 anos e professora universitária de Sydney, na Austrália, Raygun equilibrava sua carreira acadêmica com sua paixão pelo breaking, competindo em eventos internacionais antes de chegar aos Jogos Olímpicos. Este foi o primeiro ano em que o breaking fez parte dos Jogos Olímpicos, com 32 atletas — B-boys e B-girls — disputando a competição.

Na Place de la Concorde, no sábado (10), Raygun, vestida com o agasalho verde e dourado da Austrália, impressionou o público com movimentos originais, como pulos de canguru, rolamentos e contorções corporais. Apesar de suas performances serem visualmente marcantes, Raygun não conseguiu registrar pontos em suas batalhas contra Logistx dos EUA, Syssy da França e Nicka da Lituânia, perdendo por 18 a 0 em cada uma.

Após suas apresentações, a reação na internet foi mista. Comentários negativos surgiram, com um usuário no X chamando suas rotinas de “hilariamente ridículas” e outros questionando sua inclusão nos Jogos. Até mesmo a cantora Adele comentou, achando que a competição era uma “piada”, mas reconheceu que isso foi “a melhor coisa que aconteceu nas Olimpíadas”.

No entanto, Raygun encara sua experiência com seriedade. Como palestrante na Universidade Macquarie de Sydney, seus interesses acadêmicos incluem breakdance, dança de rua e cultura hip-hop, com sua tese de doutorado focada na interseção de gênero no breaking de Sydney. Antes de competir em Paris, Raygun já havia representado a Austrália nos campeonatos mundiais de 2021 e 2022 e garantido sua vaga olímpica através do campeonato da Oceania.

“Todos os meus movimentos são originais”, afirmou Raygun após a competição. “A criatividade é muito importante para mim. Eu vou lá e mostro minha arte. Às vezes, isso fala com os juízes, e às vezes, não. Eu faço o que faço e isso representa arte. É disso que se trata.”

Martin Gilian, principal juiz de breaking nas Olimpíadas, conhecido como MGbility, defendeu a originalidade de Raygun. “Ela trouxe algo novo para o jogo e representou o breaking e o hip-hop de maneira única. Mesmo que suas criações possam parecer engraçadas para alguns, para nós, ela estava tentando ser original.”

Sergey Nifontov, secretário-geral da World DanceSport Federation, expressou preocupação com as reações nas redes sociais, afirmando que “algo está indo na direção errada”.

Gunn começou a competir no breaking em seus 20 e poucos anos, após ter praticado várias formas de dança como dança de salão, jazz e hip-hop. Em Paris, enfrentou concorrentes muito mais jovens e descreveu a experiência como um “privilégio”. Sua chegada à cerimônia de encerramento foi marcada por grande apoio de colegas e apoiadores, destacando sua coragem e paixão pela dança.

Anna Meares, ex-ciclista profissional e chefe de missão da Austrália, ressaltou a jornada de Raygun, que começou em 2008, enfrentando desafios significativos como a única mulher em um esporte dominado por homens. “Ela é a melhor dançarina de break, mulher, que temos na Austrália… Representou a equipe olímpica com grande entusiasmo e eu admiro sua coragem.”

O breaking, que surgiu nas ruas de Nova York na década de 1970 e se tornou um dos pilares da cultura hip-hop, foi adicionado ao programa olímpico com o objetivo de atrair um público mais jovem. Embora tenha feito parte dos Jogos de Paris, o breaking não está previsto para competir na Olimpíada de 2028 em Los Angeles, e seu retorno em futuras edições ainda não está confirmado.

Raygun, com sua atuação única e espírito inovador, continua a ser uma figura importante no cenário do breaking, independentemente das reações que suscitou durante sua estreia olímpica.

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Isabelle Stringari Ribeiro

Jornalista de entretenimento e cotidiano, formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB).