Diálogo e transparência são fundamentais para que um processo de transição de empresas familiares seja bem-sucedido. O diálogo aberto permite que todos os membros da família expressem suas expectativas, preocupações e visões para o futuro do negócio, promovendo um entendimento mútuo e o alinhamento de objetivos. A transparência, por sua vez, ajuda a construir confiança, minimizando rumores e desentendimentos que podem surgir da falta de uma boa comunicação.
A dica foi compartilhada pela consultora na área de gestão de pessoas, Zélia Breithaupt Janssen, durante encontro do Núcleo Estadual de Automecânicas, quando o assunto foi abordado junto a empreendedores do setor, no Centro Empresarial de Jaraguá do Sul (Cejas).
PhD em Administração Estratégica e especialista em carreira e governança para empresas familiares, governance officer e conselheira de entidades comunitárias, Zélia pontua que informações compartilhadas de forma clara, em que todos os envolvidos têm uma visão realista das finanças, desafios e oportunidades da empresa, favorecem um processo sereno e maduro em que o negócio – como projeto de vida de fundador ou fundadores – é preservado. Além disso, facilita a preparação dos sucessores, garantindo que eles compreendam plenamente suas futuras responsabilidades. Pondera que um processo transparente pode ajudar a identificar e resolver possíveis conflitos antes que eles se tornem obstáculos que possam colocar em risco a continuidade dos negócios.
“Sucessão é um processo que muitas vezes se imagina apenas nas grandes empresas. Quando um setor onde a maior parte dos negócios é formado por empresas de micro e pequenos porte, que têm sua origem na família, como o de automecânicas, trazer este tema para debate demonstra a maturidade destes empreendedores e é uma referência do quanto querem ver a sua obra sendo preservada”, pontua Zélia.
Genuino Simioni, presidente do NEA/SC reforçou a importância de abordar o tema sucessão empresarial do setor de reparação automotiva, hoje formado por mais de 350 empresas em todo o estado. Segundo ele, ao lado da Associação de Reparadoras de Veículos de Santa Catarina (Arvesc), a entidade atua no sentido de atender as empresas nas demandas por aperfeiçoamento técnico, melhoria da gestão e representatividade.
Questões como a saúde financeira, novas soluções de tecnologias aplicadas no setor e temas como a sucessão dos negócios, estão na agenda com o objetivo de fortalecer a categoria. “Não nos vemos como concorrentes, mas sim como parceiros. Como empresários, precisamos cuidar bem dos nossos negócios, pois muitas vezes eles são resultado de muitos anos de dedicação. Debater a sucessão é importante para que esse negócio continue sempre mais forte”.
Zélia ressalta ainda que a transição de comando em qualquer empresa independente do seu tamanho e segmento de mercado, e deve ocorrer de maneira consciente, partindo da vontade do fundador e respeitando as características do legado alcançado até que a gestão seja assumida por familiar ou se opte pela profissionalização com executivos contratados. A família deve ter em mente, assinala, que o assunto inevitavelmente terá de ser abordado sem emoção, mas com coragem, para se encontrar um caminho de harmonia.
“É preciso deixar de lado eventuais diferenças porque acima de tudo está a obra, mas entendendo também que nem sempre um familiar está preparado ou mesmo tem o desejo de assumir a empresa”. Evitar resistências e respeitar as questões culturais que envolvem uma transição ajuda no sucesso do processo. Ter referências de outras empresas, conhecer práticas que deram certo, buscar conhecimento sobre o assunto, ajudam em uma transição lado a lado entre sucedido e sucessor, afirma Zélia.