No final do século 19, a saúde pública era a principal preocupação de Wigando Engelke, um dos três membros da Comissão Sanitária da Câmara Municipal de Joinville.
Preocupado com a disseminação de doenças virais como a febre amarela, vírus que havia assolado o reinado de Dom Pedro II em 1850, Engelke sugeriu a criação de uma Casa de Banho, uma opção que melhoraria a higiene dos habitantes daquela que viria a se tornar a maior cidade do estado.
A história das Casas de Banho de Joinville foi resgatada no livro “Jornal Retrô: 100 Histórias de uma Joinville de Outros Tempos”, do jornalista Lúcio Mattos.
E a primeira delas foi aberta na Rua Allemã, onde hoje se encontra a nossa Via Gastronômica (Rua Visconde de Taunay). Para anunciar a novidade à comunidade, o veículo escolhido foi o jornal “Gazeta de Joinville”.
Pela bagatela de 1.000 réis, você poderia tomar um “Banho a Vapor” durante as manhãs de terça-feira e as tardes de sexta-feira, caso fosse uma “Senhora”. Já os “Senhores” podiam escolher as tardes de terça ou de sábado.
Havia, além dos “Banhos a Vapor”, outras três opções para a escolha do freguês: “Banhos tépidos e quentes de banheira”, “Banhos frios de banheira” e “Banhos medicamentosos”.
Se você tivesse interesse em tomar um destes banhos, deveria entrar em contato com o Sr. Carlos F. Jahn, o “Banheiro”, e agendar com antecedência pois a demanda era alta.
Concorrência
Aliás, a demanda era tão alta que, dois anos mais tarde, o Hotel Ypiranga também entrou no mercado das Casas de Banho. E, assim como o comissário Engelke, publicou um anúncio na Gazeta de Joinville oferecendo os serviços.
Um concorrente pequeno, mas ainda assim um concorrente. O hotel não oferecia tantas alternativas como a sua irmã mais velha da Rua Allemã. No entanto, era no preço que ela buscava conquistar mais clientes, visto que sua única opção custava 500 réis.
Em 1940, passados mais de 60 anos da inauguração das Casas de Banho, o tema continuava na pauta do dia das autoridades e da população de Joinville.
Uma campanha de saúde pública, inclusive, foi realizada na cidade e o tom não foi nada ameno: “Todo indivíduo que não tem o habito de tomar banho diariamente torna-se indesejável na sociedade”, dizia um deles.
Felizmente, este período ficou para trás, embora a saúde pública sempre seja uma preocupação, como, por exemplo, no período da Covid-19.
Como se nota, Joinville já foi palco de histórias muito curiosas. Você, aliás, conhecia as Casas de Banho da cidade?