Quando criança, ouvi muito pessoas dizendo que – quando a farinha é pouca, meu pirão primeiro! Vale dizer, eu antes de todos. Esse meu antes de todos vale para tudo na vida? Para a maioria é só o que vale, “meu pirão primeiro”. E digo isso alicerçado sobre um fato, fato desta semana, aconteceu domingo. Jogo do Grêmio contra o Vasco em Chapecó. Chovia demais, um aguaceiro daqueles de preocupar os bombeiros, mas… O estádio estava lotado. Alguém pode dizer que a chuva começou depois de iniciada a partida. Não, nada disso, a torcida sabia da chuva, tanto que todos os que apareceram nas imagens das arquibancadas estavam usando capas. Saíram de casa sabendo da chuva. Alguém pode dizer, tudo bem, os caras decidiram ir ao jogo mesmo com chuva. Agora vou entrar no assunto que me traz a esta charla. É o seguinte, será que todos aqueles “trabalhadores” que estavam no estádio trabalhariam por duas horas ou mais debaixo de uma baita chuva se o chefe, o patrão, os obrigassem? Será? Ou entrariam na Justiça contra a empresa que lhes estaria obrigando a trabalhar debaixo de chuva? Não estou sendo ranzinza ou encrenqueiro, estou apenas querendo dizer que os humanos, por maioria estonteante, são assim: meu pirão primeiro. O que me interessa, o que me motiva, faço, faço e não choro. Já falei aqui de gente que reclama, cospe na parede por ter que ficar algumas horas na fila para fazer a matrícula de um filho numa escola pública, as mesmas pessoas que dormem na calçada para comprar ingressos num show musical, como o Rock in Rio. Não estou jogando pedras nos torcedores, sou também torcedor (bah, daqueles…), o que quero dizer é que precisamos nos cuidar um pouco mais.
Freqüentemente alguém nos pede uma ajudazinha qualquer e criamos, na hora, uma desculpa para não ajudar. Pô, a pessoa estava precisando, mas… Não era “farinha” para o meu pirão, nesse caso, uma desculpa e nos omitimos. No ambiente de trabalho é muito comum pessoas, empregados, cobrar da empresa por detalhes, e descuidar-se em questões bem maiores que meros detalhes… Quando a farinha é pouca, me pirão primeiro? Depende. Muitas vezes não… Dar farinha ao pirão alheio, não raro, nos leva ao céu…
ORDEM
Será que pode haver progresso sem ordem? A nossa bandeira diz que não… Essa nadadora brasileira, Ana Carolina, que foi mandada embora das Olimpíadas, diz que foi maltratada por dirigentes do COB, isso e mais aquilo, só que… Ela quis sair do alojamento, onde tinha que ficar de modo obrigatório, para divertir-se à noite em Paris. Olimpíadas não são para diversão, é um “trabalho”. Vale para todos nós, em tudo. Espelho faz bem para olharmos a verdade nos olhos…
PALMAS
Aplaudi, no silêncio, um colunista do site jornalístico Metrópoles. Ele escreveu um artigo sob o título de “Medalha de ouro para o perfeito idiota”. Num primeiro momento, li “prefeito”, mas era perfeito… Uma boa essa de dar medalha de ouro para idiotas no Brasil, idiotas em cargos elevados, bah! Ia falta ouro, ô, se ia faltar. E é tão fácil não ser idiota, basta a pessoa se avaliar de modo honesto e deixar-se puxar pela corda da decência, pronto.
FALTA DIZER
Manchete que vem de Roma: – “Papa exorta fiéis a não abandonarem idosos e aliança entre netos e avós”. Tire o cavalinho da chuva, senhor Papa. Se o idoso não tiver “recurso$”, vai ficar sozinho sim… Há exceções? Sim, como diz o nome, exceções. No mais, gentalha desprezível e interesseira.