“A Bela Adormecida”, peça clássica considerada uma das mais completas obras de arte a ser produzida em formato de balé, foi o grande espetáculo apresentado na Noite de Abertura do 41° Festival de Dança de Joinville. Por sua magnitude, esta é a primeira vez que a obra é apresentada integralmente no evento: são mais de duas horas de balé executadas com excelência por 58 bailarinos do Ballet Estable do Teatro Colón, da Argentina, com direção do argentino Mario Galizzi. Além deles, 13 alunos da Escola do Teatro Bolshoi no Brasil integraram o elenco.
A solenidade e o espetáculo de abertura do Festival de Dança de Joinville foram acompanhados por mais de 4 mil pessoas no Centreventos Cau Hansen. No palco, os primeiros bailarinos do Ballet do Teatro Colón, Ayélen Sanchez e Federico Fernandez, representaram o casal improvável: o príncipe que se apaixona pela princesa ao encontrá-la em uma visão, enquanto a moça está desacordada por um feitiço maligno.
Ayélen, que desde 2017 é uma das estrelas responsáveis por protagonizar os espetáculos do Ballet do Teatro Colón, reprisava um papel que já a havia feito brilhar em um palco do Festival de Dança de Joinville: em 2001, quando tinha apenas 12 anos, a bailarina veio de Buenos Aires para o Brasil para participar do evento, e dançou um trecho do terceiro ato de “A Bela Adormecida” no Festival Meia Ponta, justamente no papel de Aurora. Ela conquistou um dos primeiros lugares em sua categoria na época.
Esta relação entre os talentos que passam pelas mostras do evento quando ainda estão descobrindo a paixão pela dança e tornam-se estrelas de grandes companhias foi destacada pelo presidente do Instituto Festival de Dança de Joinville, Ely Diniz, em sua fala de boas-vindas na solenidadede abertura. Ele contou a história de Ayélen e recordou de nomes como Luciana Sagioro e João Pedro dos Santos Silva, que iniciaram suas participações no Festival de Dança de Joinville na infância, participaram de edições recentemente e atualmente estão no Ballet da Ópera de Paris — ela, aos 18 anos, como bailarina da companhia; e ele, aos 15 anos, na escola que prepara os futuros bailarinos da principal companhia de balé da França.
“Muitos dos que passaram por aqui no Meia Ponta demonstraram garra e talento e estão hoje em grandes companhias brasileiras e internacionais. É o início de um caminho longo, difícil e extenuante, mas que pode levar a uma carreira de muito sucesso”, afirmou Ely Diniz.
Conto de fadas com a eterna luta entre o bem e o mal
O ballet “A Bela Adormecida” é baseado no conto de fadas de Charles Perrault. No prólogo, o Rei Florestán e a Rainha convidam todas as fadas do Reino para acompanharem o batizado da princesa Aurora e serem suas madrinhas. No entanto, esquecem de convidar a Fada Carabosse que, como vingança, invade a cerimônia e anuncia que a princesa foi amaldiçoada: ao tornar-se uma jovem mulher, irá cortar o dedo em uma agulha e morrerá.
Como contrafeitiço, a Fada Lilás, que ainda não havia dado seu presente à princesa, garante que ela não morrerá: cairá em um sono profundo e poderá ser despertada se receber o beijo do verdadeiro amor.
No primeiro ato, a princesa Aurora comemora seu aniversário de 16 anos e recebe a visita de quatro príncipes de terras distantes que pretendem pedir sua mão em casamento. Mas, durante a festa, uma desconhecida escondida atrás de um manto presenteia a princesa com um ramalhete de flores que, emocionada, dança com o presente até se dar conta de que havia uma agulha escondida no meio das plantas. Ela pica o dedo na agulha e cai, desacordada.
A desconhecida revela sua identidade: é a Fada Carabosse, que voltou para garantir que seu feitiço seja cumprido. A Fada Lilás se apressa e, para proteger o reino, faz com que todos caiam em um sonho mágico por anos, até que o bosque avance por dentro do castelo, o escondendo entre suas ramas.
No segundo ato, um príncipe está realizando uma caçada enquanto sonha encontrar o grande amor. Ele tem uma visão da Princesa Aurora e se apaixona pela moça. Ao acordar, descobre que a visão foi proporcionada pela Fada Lilás, e roga a ela que mostre onde encontrar a princesa. Ele é guiado pela fada, que mostra Aurora ao jovem. Ele a beija e ela desperta da maldição. No terceiro ato, diferentes personagens de contos de fadas aparecem para celebrar o casamento do príncipe e da princesa.
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