Senador critica projeto que pode legalizar jogos de azar; “endividamento em massa”

Foto: Joédson Alves/Agência Brasil

Por: Pedro Leal

13/07/2024 - 18:07 - Atualizada em: 13/07/2024 - 18:25

Em pronunciamento no Plenário do Senado nesta quinta-feira (11), o senador Eduardo Girão (Novo-CE) disse estar preocupado com a possibilidade de aprovação do projeto de lei (PL 2.234/2022) que autoriza o funcionamento de bingos e de cassinos no país e regulariza jogos de azar, como o jogo do bicho.

O parlamentar argumentou que casas de apostas estão sendo usadas pelo crime organizado para lavar dinheiro, e isso deveria ser motivo para reavaliar qualquer apoio à legalização. Girão fez um apelo aos colegas senadores para que o tema seja amplamente discutido, inclusive porque estaria afetando as pessoas mais pobres da sociedade.

“Que se sensibilizem as lideranças desta Casa para que possamos levar o debate desse PL para outras comissões, para que possamos ouvir a sociedade nesse projeto, que vai gerar para as futuras gerações um problema gravíssimo. E o Brasil não precisa de nada disso para ser potência do mundo. Muito pelo contrário. [O jogo] não gera renda, não gera emprego, não gera turismo. Mostramos isso na audiência pública que já tivemos na CCJ e no debate”, reforçou, sugerindo que o projeto seja enviado para as comissões de Segurança Pública (CSP) e de Assuntos Econômicos, entre outras.

O parlamentar alegou que a prática está causando um endividamento em massa no Brasil e uma “tragédia humana está acontecendo com as casas bets”, de apostas esportivas. Ele apresentou dados de uma pesquisa da Sociedade Brasileira de Varejo e Consumo segundo a qual 63% dos apostadores tiveram parte de sua renda comprometida, deixando de comprar itens essenciais como roupas, alimentos e medicamentos. Girão mencionou que parte dos benefícios sociais, como o Bolsa Família, está sendo usada para apostas.

“Já temos aí R$ 100 do Bolsa Família comprometidos com aposta esportiva. Quem é que recebe o Bolsa Família? São as pessoas, as famílias mais vulneráveis. E aí, a gente vê esse tipo de inversão de valores no Brasil” disse.

O senador criticou ainda a postura do presidente Lula destacando o que acredita ser uma incoerência nessa questão. Apesar de ter proibido os bingos no país em seu primeiro mandato, Lula, agora, disse Girão, acena com a possibilidade de sancionar uma lei liberando os cassinos, mesmo sendo contra os jogos de azar.

“A população não quer cassino, não quer bingo, porque sabe que você perde tudo; é uma arapuca, é uma armadilha. E vão lavar dinheiro de corrupção. Vão lavar dinheiro do crime. O Brasil já tem problemas demais” concluiu.

Fonte: Agência Senado

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).