Não é novidade para ninguém que Jorginho Mello acumula a função de governador, no contexto administrativo, com a de presidente estadual do PL, essa no viés partidário.
Dessa maneira, o governador encaminha todos os assuntos relacionados ao partido e também aqueles diretamente ligados às questões eleitorais, considerando-se as eleições municipais.
Já foi dito, também, que o chefe do Executivo não costuma ouvir muito os deputados, sejam eles estaduais ou federais. Nem mesmo o senador Seif. E muito menos os prefeitos filiados à sigla. As articulações para definição de candidaturas, de coligações, passam diretamente pelo governador.
De quebra, ele também é o responsável pela articulação junto à Assembleia Legislativa. Tanto é que uma composição entre MDB e PL está muito próxima de ser consolidada. O encaminhamento é para a divisão de mandato. A eleição da nova mesa do Parlamento será em 1 de fevereiro do ano que vem. Estamos falando de um mandato de dois anos.
No primeiro ano a proa da Alesc ficaria nas mãos de um emedebista e o segundo seria destinado a um liberal.

 

Datas

Essa construção de Jorginho converge para que os dois partidos, o MDB é governo, pilotem a Assembleia Legislativa na segunda metade do seu mandato de governador. Passando, ainda, pelas próprias eleições majoritárias de 2026. A concentração é absoluta.

 

Desconforto

O governador busca cada vez mais a concentração de poder. Administrativo e partidário. Inclusive, esse modus operandi de Jorginho Mello incomoda parlamentares, especialmente aqueles correligionários. O PL tem 12 deputados estaduais e cinco federais, mais o senador Jorge Seif.

 

Círculo restrito

Diante dessa realidade, surge a dúvida: Jorginho Mello é aconselhado, ou se aconselha com quem efetivamente? Quem são aqueles colaboradores, aliados ou amigos que mais influenciam nos encaminhamentos do governador? Podemos apontar nada mais do que três nomes neste momento.

 

Sangue

Um deles é do seio familiar, o primogênito Bruno Mello, guidado por Jorginho à condição de primeiro vice-presidente estadual do PL e que tem articulado muito em nome do governador.

 

Tacada

Aliás, foi dele que partiu a proposta de uma composição com o prefeito Topázio Silveira Neto. Aliança que implicará na indicação de um liberal para vice do prefeito no projeto de reeleição na Capital.

 

Colegiado

Além de Bruno Mello, outros dois personagens têm uma ascendência considerável sobre o governador. Os dois eram secretários de Estado, mas apenas um permaneceu no governo.

 

Candidatura

Explica-se. A deputada federal Carmen Zanotto reassumiu o mandato, se desincompatibilizou da titularidade da Saúde porque será candidata à prefeitura de Lages, cidade que deixou de administrar nesse último período por ter sido derrotada na reeleição de Antônio Ceron, em 2020, por míseros 56 votos.

 

Espectro ideológico

Ela pertence ao Cidadania, partido de viés canhoto até a medula. Naturalmente, no entanto, uma vez eleita, Carmen deve buscar abrigo em alguma legenda que integre o guarda-chuva partidário de Jorginho Mello. Ela, de sua experiência de três mandatos de deputada federal, tricota consideravelmente com o governador.

 

Âncora

E o terceiro e último nome é do secretário Beto Martins (Portos e Aeroportos), ex-prefeito de dois mandatos de Imbituba. Ele foi escolhido por Jorginho, representando o Sul, para segundo suplente da hoje senadora Ivete Appel da Silveira.

 

Sobrenome

A primeira suplente veio do Norte. Era justamente a viúva de Luiz Henrique da Silveira, que virou titular na Câmara Alta após a vitória do líder do PL catarinense na eleição para o governo. Não é de hoje que Beto Martins tem uma aproximação considerável junto a Jorginho Mello. O governador também o escuta com bastante frequência.

 

Trio

Então o tripé é esse: Bruno Mello, Carmen Zanotto e Beto Martins. Mas, com relação a Beto Martins, existe um detalhe.

 

Sanha

Nos últimos dois meses, sem a participação direta do governador, ocorreu uma negociação no sentido de que Beto Martins pudesse vir a assumir a vaga no Senado. Aquela mesma que caiu no colo de Ivete Appel da Silveira.

 

Chega pra lá

Inicialmente falou-se em uma licença de quatro meses para ela. Mas, na verdade, mais recentemente, a negociação aconteceu na direção de que a senadora renunciasse para Beto Martins completar o mandato de senador.

 

Na praia

A coisa havia evoluído a tal ponto que já se discutia uma data, se a renúncia seria ainda em 2024, na virada do ano, ou um pouco mais à frente, em 2025. Seria a divisão da segunda metade do mandato conquistado pelo próprio Jorginho em 2018, com Ivete Appel da Silveira ficando com dois anos e Beto Martins outros dois anos no cargo de senador. Há, porém, indicativos consistentes de que essa articulação acabou caindo por terra.