O Brasil deve ter mais 83 mil novos milionários até 2028, segundo dados do “Global Wealth Report 2024”, elaborado pelo UBS e divulgado na quarta-feira (10).
O aumento no número de milionários seria impulsionado pelo aumento da concentração de renda, que cresceu 16,8% nos últimos 15 anos, e vem acompanhado de um dado fortemente negativo: o Brasil passou a ocupar o terceiro lugar no ranking de maior desigualdade entre 56 nações, ficando atrás apenas da Rússia e da África do Sul.
O relatório do banco suíço é baseado no índice de Gini.
No caso brasileiro, o coeficiente aumentou de 70 para 81, em uma escala na qual, quanto mais próximo de 100, maior é a desigualdade.
Outro dado revelado no estudo é o crescimento da riqueza média por adulto, que subiu 375% desde a crise financeira de 2008, quando medida em moeda local. Segundo o banco suíço, a percepção do crescimento da riqueza costuma ser ofuscada por fatores como a desigualdade.
“Muitas pessoas podem não reconhecer em seu próprio país algumas dessas descobertas sobre a riqueza individual”, afirma o relatório. “Elas podem sentir que o crescimento ou declínio na riqueza passou por elas sem que percebessem”, acrescentam.
O estudo do UBS também destaca que o Brasil sofreu uma desaceleração significativa no crescimento da riqueza entre 2010 e 2023.
Esta desaceleração seria causada por fatores como a depreciação da moeda local, inflação, queda de produtividade e menor crescimento econômico.
De 2000 a 2010, o Brasil experimentou uma expansão de riqueza de 384%, com uma média anual de 15%, mas nos 13 anos seguintes, essa taxa caiu para 55%, com um ritmo anual de apenas 3%.
De acordo com o relatório, o Brasil deve chegar a 2028 com um total de 463.797 indivíduos com patrimônio igual ou superior a US$ 1 milhão. Com essa taxa, o Brasil ocupa a 12ª posição na lista dos maiores crescimentos projetados entre 36 países.
O estudo também revela que, em 2023, os milionários representavam apenas 1,5% da população adulta mundial.
Os EUA têm o maior número, com quase 22 milhões de pessoas (ou 38% do total). A China continental ficou em segundo lugar, com pouco mais de seis milhões — o dobro do Reino Unido, que ocupa a terceira posição.