Desafios da vida – Luiz Carlos Prates

Por: Ewaldo Willerding Neto

15/07/2024 - 07:07

A memória é a nossa identidade, formidável companheira e uma vitamina para o crescimento pessoal e profissional. Todavia, a memória, o que também podemos chamar de recordações, é uma nuvem pesada sobre nossa vida, depende do que for lembrado e, pior que isso, do que for uma âncora a nos deixar presos em momentos passados. A memória é, costumeiramente, uma danação para os mais velhos. Os jovens vão indo na estrada da vida, olham para frente, têm sonhos lá adiante e não olham para trás, faz parte da juventude. E que bom que é assim, de outro modo até os jovens ficariam atolados em suas memórias do passado, tempos, provavelmente, bons na infância. Sim, mas o que fazer para seguir no caminho da vida, envelhecer e não se deixar abater por boas recordações do que não vai voltar? Aí é que está uma das grandes encrencas da vida, e hoje mais do que no passado. Por que muito mais? Porque as famílias estão ficando menores, as facilidades da vida moderna estão “motivando” muitos jovens a bater asas e sumir da vida dos pais. Sim, um filho que vá morar em outra cidade é como um pássaro que bateu asas, um pássaro que sumiu. De que vale um filho ou filha que more longe, fora dos nossos abraços, afagos e “segurança”? Vem dessa verdade, que não é de hoje, Adão e Eva já falavam disso no paraíso, a necessidade de todos nós de encaminharmos para o nosso futuro uma vida de pertencimento que não dependa deste ou daquele objetivamente, mas de nós mesmos. E como isso pode ser possível? Todos podemos construir ao longo da vida um grupo que nos acolha e que acolhamos, amigos, colegas, gente de todo tipo, de sorte que possamos sempre estar com alguém e ter alguém na certeza das amizades e de um propósito coletivo. Mas isso não se improvisa, quem deixar essa construção para “mais tarde” vai ter severas ou até incontornáveis dificuldades. Vejo todos os dias o desespero de atletas, que pela idade, estão encerrando a carreira, mas a querem prolongar. Não é por dinheiro, é por pertencimento, pelo propósito que até então lhes orientou a vida. Sem vínculos nem um propósito que não se extinga, a vida se encerra antes do tempo. Fiquemos atentos!

BANHOS

Ontem ouvi um colega dizer uma gíria gaúcha que eu não ouvia há muito tempo. O cara disse que andava fazendo “meia sola” no banho. Meia sola quer dizer lavar a cara, passar um pano molhado aqui, ali, e deu… Banho não, está muito frio para tomar banho, disse o amigo. Santo Deus, e um cara desses vai para baixo do cobertor com a mulher? Vai. Vai sem banho, vai só com meia sola… Cruzes!

ESCURIDÃO

Que escuridão na vida adulta quando não se teve uma boa família e uma boa escola nos anos de aprendizagem… Ouça esta: – “Apenas uma em cada quatro pessoas do público-alvo se vacinou contra a dengue em Santa Catarina”. E depois essas pessoas negligentes ou negacionistas vão querer hospital de graça? Só se justificarem o direito à vaga com o cartão em vacinas em dia. Só. No mais, é se queixar para os ditadores negacionistas e se coçar num cacto!

FALTA DIZER

Um velho ditado de Machado de Assis é inesquecível: – “Se fores muito doce, te comem, se fores muito amargo, te vomitam…”. Concordo integralmente com o Machado, mas… Prefiro ficar com a segunda parte da sentença. Bem melhor é ser vomitado pelas verdades amargas…

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Ewaldo Willerding Neto

Jornalista formado pela UFSC com 30 anos de atuação.