Etiqueta digital, pressa, responsabilidades e emburrecimento

Foto: Freepik

Por: Raphael Rocha Lopes

09/07/2024 - 12:07 - Atualizada em: 09/07/2024 - 16:31

“♫ We don’t need no education/ We don’t need no thought control/ No dark sarcasm in the classroom/ Teacher, leave them kids alone/ Hey! Teacher! Leave them kids alone!” (Another brick in the wall – part. 2; Pink Floyd).

Quem já se sentiu irritado com a falta de educação no mundo digital?

A evolução da etiqueta digital é um reflexo direto das mudanças que a tecnologia impõe às nossas formas de interação. Com o advento das plataformas e dos aplicativos de comunicação online, emergem novos desafios e, consequentemente, novas normas para garantir interações respeitosas e construtivas no ambiente virtual.

Tudo já!

Uma das principais mudanças na etiqueta digital é a gestão das expectativas de comunicação. Em um mundo onde a resposta é frequentemente esperada de imediato, é importante estabelecer e respeitar os tempos de resposta, que podem variar de pessoa para pessoa. Isso envolve reconhecer que cada um tem seu próprio ritmo e rotina, e que uma demora na resposta não necessariamente indica negligência ou desinteresse.

Tem gente que fica raivosa se a resposta não vem imediatamente, como se o destinatário tivesse a obrigação de estar à disposição 24h por dia olhando a tela do celular. E isso acontece tanto nas questões profissionais, quanto nas relações familiares ou de amizade.

Nesse vídeo (link aqui), trago um comparativo engraçado entre uma mãe com filho estudando fora dos anos 80/90 e uma de hoje.

Novas responsabilidades.

Outro aspecto relevante é a permanência das informações na internet. Ao contrário das conversas face a face, que são efêmeras, as interações online podem ser armazenadas e acessadas indefinidamente. Isso reforça a importância de pensar cuidadosamente antes de postar ou enviar mensagens. A regra de ouro aqui é simples: se você não gostaria que algo se tornasse público, é melhor não postar, mesmo que em teoria esteja em um espaço privado.

A verificação da veracidade das informações compartilhadas também é uma parte crucial da etiqueta digital. No atual cenário de superabundância de informações, é necessário ter a responsabilidade de checar a autenticidade do que vai se passar adiante. Compartilhar notícias falsas ou não verificadas pode causar danos significativos e perpetuar desinformações. E quando falo disso, não estou me referindo a questões políticas ou assuntos de repercussão nacional ou internacional. As vítimas podem ser pessoas próximas mesmo.

O respeito à privacidade alheia também se destaca como uma norma essencial da etiqueta digital. Isso inclui não apenas evitar compartilhar informações privadas sem consentimento, mas também respeitar as fronteiras digitais de cada um, evitando sobrecarregar os outros com mensagens excessivas ou intrusivas.

Emburrecimento gramatical.

Além disso, a cordialidade e o respeito devem ser a base de todas as interações digitais. Palavras têm poder, e na ausência de contato físico, esse poder é amplificado. Muitas vezes discussões ou mal-estares decorrem de um erro de digitação, uma palavra escrita errada ou simples falta de pontuação. O emburrecimento gramatical das pessoas está entornando em falhas de comunicação que podem ter consequências de relacionamento graves.

Conforme a tecnologia avança, é imperativo que a etiqueta digital também evolua. Isso significa adaptar continuamente nossas práticas e comportamentos para garantir que o espaço digital permaneça um ambiente seguro, respeitoso e acolhedor. Assim, a etiqueta digital se torna uma extensão da etiqueta tradicional, adaptada para os desafios e oportunidades do mundo conectado.

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Raphael Rocha Lopes

Advogado, autor, professor e palestrante focado na transformação digital da sociedade. Especializado em Direito Civil e atuante no Direito Digital e Empresarial, Raphael Rocha Lopes versa sobre as consequências da transformação digital no comportamento da sociedade e no direito digital. É professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Católica Santa Catarina e membro da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs.