Julho é o mês de conscientização e combate às hepatites virais, consideradas um problema de saúde pública no Brasil. Anualmente, é realizada em todo o País a campanha “Julho Amarelo”, que tem como objetivo informar a população sobre as hepatites virais e a importância da prevenção, diagnóstico e tratamento da doença, incentivando a vacinação, os testes e o tratamento.
A Secretaria de Saúde de Jaraguá do Sul mobiliza esforços para enfrentar o problema, através da oferta do cuidado pela prevenção e tratamento. Todas as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) do município oferecem a testagem e a vacina. A testagem é feita através do Teste Rápido que, além das hepatites B e C, testa também para sífilis e HIV. O teste fica pronto em 30 minutos, é sigiloso e gratuito. Se confirmado o diagnóstico, o paciente será encaminhado para acompanhamento no Serviço de Atendimento Especializado (SAE). Além das UBSs, a testagem também pode ser feita no Centro de Testagem e Aconselhamento (CTA), localizado na Rua Jorge Czerniewicz nº 800, que atende com livre demanda.
Mortes por hepatite no município
Nos últimos cinco anos (2019-2023), foram notificados 199 casos de hepatites virais em Jaraguá do Sul, sendo 132 casos de hepatite B, 62 de hepatite C, 4 casos de coinfecção (infecção simultânea) de vírus B e C e 1 caso de hepatite A. No mesmo período, o Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) registrou seis óbitos por hepatites virais (um em 2019, dois em 2020 e três em 2022). Todas as mortes foram causadas por Hepatite B (67% crônica e 33% aguda). Dos pacientes que morreram, quatro eram homens e dois eram mulheres, todos eles com idades acima dos 40 anos, sendo a faixa etária com maior número de óbitos a dos 50 a 69 anos (quatro óbitos).
Do total de casos da doença, 131 foram diagnosticados em pacientes do sexo masculino (65,8%) e 68 em pacientes do sexo feminino (34,2%). A faixa etária com maior número de notificações no período foi a dos 40 aos 49 anos, com 56 casos (28,1%), seguido da faixa etária dos 50 aos 59 anos, com 49 casos (24,6%), e dos 30 aos 39 anos, com 39 casos (19,6%). Quanto à forma clínica, mais de 95% dos casos foram diagnosticados como hepatite crônica – quando a doença dura mais de seis meses -, necessitando de acompanhamento no SAE.
Doença pode evoluir para cirrose e câncer de fígado
O secretário municipal de Saúde, Dr. Rogério Luiz da Silva, alerta para a gravidade da doença, que ainda é incurável, podendo evoluir para cirrose e até câncer de fígado, se não for tratada adequadamente. “É necessário reforçar a importância da vigilância, prevenção e controle das hepatites virais, para que possamos reduzir a sua incidência e garantir um tratamento adequado aos pacientes afetados. A conscientização da população aliado ao trabalho conjunto das autoridades de saúde são de fundamental importância para enfrentar a situação e garantir uma melhor qualidade de vida para todos”, afirma.
Sintomas e formas de transmissão
As hepatites são inflamações no fígado causadas por diferentes vírus, denominados A, B, C, D e E. Cada tipo apresenta características distintas:
Hepatite A: Transmitida principalmente pela ingestão de água e alimentos contaminados, possui um ciclo agudo e geralmente não evolui para cronicidade. Sintomas incluem febre, fadiga, perda de apetite, náuseas, vômitos, dor abdominal, icterícia (pele e olhos amarelados) e urina escura. A vacina é a principal forma de prevenção.
Hepatite B: Transmitida por contato com sangue, sêmen e outros fluidos corporais de pessoas infectadas, pode se tornar crônica e levar a complicações graves, como cirrose e câncer de fígado. Os sintomas são similares aos da hepatite A, mas muitas vezes a doença pode ser assintomática. A vacinação é essencial e faz parte do calendário vacinal infantil.
Hepatite C: Também transmitida pelo sangue, é a forma mais silenciosa e perigosa, frequentemente evoluindo para a cronicidade sem apresentar sintomas iniciais. Quando presentes, os sintomas podem incluir fadiga, dores musculares e nas articulações, e problemas digestivos. O tratamento tem avançado significativamente com antivirais de ação direta, que podem curar a infecção em mais de 90% dos casos.
Hepatite D: Ocorre apenas em pessoas já infectadas pelo vírus da hepatite B, pois necessita dele para se replicar. A coinfecção pode agravar os danos ao fígado. Prevenção inclui a vacinação contra a hepatite B.
Hepatite E: Semelhante à hepatite A, é transmitida pela ingestão de água e alimentos contaminados, predominando em áreas com condições sanitárias precárias. Pode ser grave em gestantes, aumentando o risco de aborto espontâneo e prematuridade.
As principais formas de transmissão ocorrem por contato com sangue, por meio de compartilhamento de seringas, agulhas, lâminas de barbear, alicates de unha e outros objetos que furam ou cortam; por relação sexual desprotegida e da mãe para o bebê (transmissão vertical).
Importância do diagnóstico precoce e da prevenção
O diagnóstico precoce e preciso da é essencial para um tratamento eficaz. O tratamento das hepatites virais pode variar de acordo com o tipo e a gravidade da doença, podendo envolver o uso de medicamentos antivirais e cuidados específicos com a saúde do fígado.
A prevenção das hepatites virais é fundamental para evitar a transmissão dessas doenças. Medidas simples, como o uso de preservativos nas relações sexuais, o não compartilhamento de objetos cortantes ou perfurantes, e a vacinação contra as hepatites A e B, são essenciais para reduzir o risco de infecção. Além disso, é importante manter uma boa higiene pessoal e adotar hábitos saudáveis, como evitar o consumo excessivo de álcool.