Foi entregue, na tarde desta segunda-feira (1°), a obra da biofábrica do Método Wolbachia em Joinville. A unidade fica localizada no bairro Nova Brasília, na antiga Unidade Básica de Saúde da Família (UBSF) do bairro, que passou por melhorias para abrigar o ambiente onde serão produzidos os Wolbitos, mosquitos que vão ajudar a combater a dengue na cidade.
O espaço foi desativado com a inauguração da nova UBSF, em maio, e recebeu investimentos de aproximadamente R$ 335 mil em manutenção e adequação do prédio, além de climatização e mobiliário. A biofábrica também começou a receber equipamentos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), que serão instalados nas próximas semanas.
Ainda neste mês, as equipes que vão atuar no espaço receberão treinamento e a expectativa é de iniciar a soltura dos primeiros mosquitos Wolbitos ainda no mês de julho. Para tornar o trabalho possível, foram disponibilizados sete veículos e 38 servidores da Prefeitura de Joinville.
“Iniciamos as tratativas para implantação desse método ainda em 2021. O método Wolbachia trouxe excelentes resultados dentro e fora do Brasil e temos certeza de que será um grande aliado de Joinville na luta contra a dengue”, afirma o prefeito de Joinville, Adriano Silva.
“Até hoje, essas biofábricas locais que a gente vem trabalhando eram estruturas bastante simples, uma produção bastante artesanal. Hoje, a gente vai começar aqui em Joinville, esse mês ainda, com equipamentos bastante modernos, automatizados para melhorar a eficiência da produção desses mosquitos. Os equipamentos vêm de Singapura e da China, foram financiados pelo Ministério da Saúde e vão proporcionar uma melhor eficiência de produção, para que a gente possa liberar os Wolbitos aqui em Joinville”, afirma Luciano Andrade Moreira, líder do Método Wolbachia no Brasil.
A implementação do método Wolbachia em Joinville ocorre por meio de uma ação conjunta entre a Prefeitura de Joinville, Fiocruz, World Mosquito Program (WMP), Governo de Santa Catarina e Ministério da Saúde.
“A principal contribuição do Ministério da Saúde é a seleção dos municípios que vão receber esse novo método e o aporte financeiro. Lembrando que, no caso de Joinville, há uma contrapartida substancial local, por exemplo, a construção e adequação dessa biofábrica. Um dos pressupostos para a implantação do método em uma nova cidade, é que exista uma organização do sistema de saúde local adequada e também um desejo técnico e político das autoridades locais na implantação de método e todos esses pressupostos foram identificados em Joinville”, salienta Rivaldo Cunha, secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, que durante o evento representou o Ministério da Saúde.
“A metodologia Wolbachia está num processo de escalonamento da produção. Então nós estamos introduzindo equipamentos para automatizar os processos que eram muito manuais. Nessa fábrica, teremos os primeiros equipamentos automatizados” reforça Marco Aurélio Krieger, presidente em exercício da Fiocruz.
Estrutura da biofábrica
A estratégia do método consiste na introdução da bactéria Wolbachia nos mosquitos Aedes aegypti. Esta bactéria está presente em 60% dos insetos da natureza e não causa danos aos humanos. A Wolbachia impede que os vírus, não só da dengue, mas zika, chikungunya e febre amarela urbana se desenvolvam dentro dos insetos, contribuindo para redução dessas doenças.
Para isso, o processo na biofábrica começa na sala de “Preparação”. É neste espaço que os ovos de Wolbitos, serão eclodidos em um equipamento automatizado.
As larvas são transferidas para um segundo equipamento para serem contadas e divididas em grupos de 7 mil. Elas então vão para a “Sala de Larvas”, onde há bacias com água. As larvas recebem alimento para desenvolvimento por até sete dias.
Quando se tornam pupas, estágio entre larvas e mosquitos adultos, voltam para um equipamento automatizado para sexagem e então são separadas em grupos menores, com 250 machos e fêmeas. As pupas vão para a “Sala de Tubos” e eclodem em até 48 horas, quando se tornam mosquitos Wolbitos e estão prontos para a soltura.
A Biofábrica conta também com a sala DML, onde são armazenados materiais; um almoxarifado; uma sala de limpeza, onde os equipamentos são higienizados; e uma copa.
“Nós estamos prevendo a liberação dos primeiros mosquitos ainda no período de inverno. E isso é muito bom porque a população natural do mosquito está diminuída. Então a probabilidade dos nossos mosquitos colonizarem o ambiente é maior, explica Krieger.
“Importante colocar que não houve nenhuma modificação genética nesse mosquito. É só uma associação da bactéria benéfica com o mosquito e as pessoas não precisam ter medo. Ela não tem efeito nocivo nenhum para a saúde das pessoas, nem do meio ambiente”, conclui Luciano Andrade Moreira, líder do Método Wolbachia no Brasil.
O evento desta segunda-feira teve a presença do prefeito Adriano Silva; da vice-prefeita Rejane Gambin; vereadores de Joinville; Rivaldo Cunha, secretário adjunto da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente que representou o Ministério da Saúde; Marco Aurélio Krieger, presidente em exercício da Fiocruz; Luciano Andrade Moreira, líder do Método Wolbachia no Brasil; Roberto Benedetti, secretário adjunto da Secretaria de Estado da Saúde de Santa Catarina; Tânia Eberhardt, secretária municipal da Saúde; Christoph Schweitzer Milewski, diretor do Instituto de Ciência e Tecnologia em Biomodelos da Fiocruz; Cleia Giosole, presidente do Conselho Municipal de Saúde, demais autoridades e servidores públicos.