Sérgio Carvalho, CEO da Randoncorp e da Frasle, e Otávio Rodacoswiski, diretor geral da BMW Araquari participaram do painel “O futuro da indústria”, no segundo dia da ExpoGestão 2024.
Em suas palestras, os executivos abordaram questões: como as empresas estão fazendo a transformação digital, a transição energética e os investimentos em inovação e P&D? Qual o impacto da Inteligência Artificial e das tecnologias disruptivas? Como a indústria pode se preparar para a neoindustrialização?
O tópico impacta diretamente a região de Joinville e o norte catarinense. Em 2024, a BMW completa 10 anos de produção em Araquari, onde fabrica cerca de 11 mil veículos de luxo por ano para atender ao mercado nacional. Os modelos atualmente produzidos na planta catarinense são o X1, X3, X4 e Série 3.
Segundo o balanço divulgado pela empresa ao final de 2023, a fábrica de Araquari é responsável por 60% dos veículos produzidos pela marca no país.
Para Sérgio Carvalho, o cenário é uma singularidade, “mesmo que venham ocorrendo desde o princípio dos tempos, nunca tantas transformações se deram simultaneamente, como agora, e com tanto impacto. Isso também exige que sejamos rápidos na adaptação às mudanças”.
As principais características dessas transformações são as novas tecnologias e a rapidez com que são descobertas e implantadas e a entrada de novos players no mercado, afirma o executivo. “Só na China, por exemplo, há mais de duzentos fabricantes de veículos elétricos”, aponta Carvalho.
Este cenário se soma a grandes incertezas geopolíticas; a consolidação da China como potência tecnológica e econômica; hábitos de consumo mudando rapidamente; cuidados com o planeta; novas gerações assumindo o controle; a hiperconectividade; a necessidade de segurança cibernética e a aceleração do uso de Inteligência Artificial.
Para vencer nesse ambiente de transformação, Carvalho elenca alguns ingredientes: “Ter capacidade financeira, investir em inovação e tecnologia, trabalhar com mais cooperação, ter agilidade e adaptabilidade”. O Brasil, garante, está nesse caminho: “O país tem desafios, como insegurança jurídica, falta de plano diretor, infraestrutura deficiente e tributação em excesso. Mas mostra qualidades, entre elas resiliência e experiência contra adversidades. Por isso, podemos concluir que o futuro da indústria brasileira é promissor”.
A produção do futuro
Otávio Rodacoswiski se valeu do exemplo “de casa” para analisar os problemas e o futuro da indústria. “Na BMW temos o programa PROOF – Production of the Future, pelo qual desenvolvemos uma estratégia para o sistema de produção, visando atingir a excelência operacional.”
O sistema é baseado em alguns pilares: pensar e agir como empreendedor; buscar rentabilidade (foco no custo de produção), sustentabilidade (conciliar ambiente e economia), velocidade, flexibilidade e qualidade; ter liderança na produção; focar na resolução de problemas (assumir responsabilidades, conhecer objetivos, solucionar os problemas onde eles acontecem).
O foco na digitalização, ainda que óbvio nos tempos atuais, precisa ser cada vez mais prioritário. “Precisamos – diz o palestrante – continuar desenvolvendo a estratégia de produção para melhorar o desempenho e os resultados. O pensamento disruptivo é crucial para atingir as metas.”
E conclui: “A indústria tem futuro, sim, mas isso depende de alinharmos atividades estratégicas e operacionais com visão de futuro e de assumirmos responsabilidades como empreendedores da indústria”.