Energias ruins – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

22/06/2024 - 07:06

Tudo na vida pode ser e pode não ser. A ignorância, por exemplo, nem sempre é mau negócio. Ignorar certos credos na vida é bom negócio. Já vou abrir a janela. Uma sensitiva muito famosa no Brasil passando dicas sobre “Como afastar energias ruins”. Primeiro, o que são energias ruins, de onde elas vêm, como me posso defender delas? E se a pessoa não acreditar em “energias ruins” será que mesmo assim será afetada? E antes de ir adiante, lembro, mais uma vez, o que se estuda em Psicologia: a predisposição altera a percepção. Se uma pessoa cresceu ouvindo pai e mãe falando sobre “espíritos”, fantasmas, essas tolices, será que essa pessoa não tenderá a ver fantasmas mais tarde na vida? Cresci ouvindo, os ignorantes que me cercavam, contando de uma noiva que saía às sextas-feiras, meia-noite, do portão principal do cemitério da cidade, toda vestida de branco. Muitos “viram” essa noiva, ela “existia” no relatório de vizinhos. Energias ruins estão dentro de nós, são coisas nossas, pensamentos, ansiedades, medos, ódios, frustrações, vivências emocionais nossas e que nos tiram a graça, mas… Dizer que isso passa direto à qualquer outra pessoa é tolice refinada. Claro que o convívio nos afeta. O comportamento dos outros pode nos afetar, mas afeta pelas palavras ditas, pelo modo de agir e reagir, pelos exemplos passados, sim, isso pode nos afetar, pode, mas não de certeza. Ora, se a energia ruim não tem o poder de nos derrubar sem que possamos reagir, o problema está na nossa cabeça e não na tal energia ruim. Numa outra leitura que acabei de fazer a manchete era esta: – “Leitura do tarô me ajudou a sair de relação abusiva e encontrar o amor”. Uma mulher disse isso, site UOL. Bolas, uma pessoa é abusada por outra, agredida, silenciada, surrada e precisa de uma leitura estúpida (e inventada) de cartas do tarô para descobrir-se abusada? É muito fácil terceirizar as nossas culpas, acreditar em fantasmas, em energias ruins, em tudo, enfim, que nos derrube, mas… Somos nós que nos derrubamos, pelos credos vazios, para não dizê-los frutos da ignorância, e pela nossa, não rara, conveniente cegueira diante de abusos e sofrimentos. Ignorar algumas coisas faz bem, ignorar as nossas verdades é trágico.

MEMÓRIA

Quem é que precisa ter boa memória, excelente mesmo? Os mentirosos. Os delegados de polícia sabem bem disso, lidam com mentirosos todos os dias. O sujeito que conta uma verdade hoje, vai repeti-la daqui a 20 anos. Já o mentiroso, o que diz à mulher, tarde da noite, que ficou trabalhando até mais tarde, vai ter que suar muito para não esquecer dessa história e não se trair na manhã seguinte. As mentiras só se justificam em casos muitos especiais para evitar evitáveis sofrimentos de alguém.

FILHAS

Digo a todos os meus amigos, jovens que vão casar ou que casaram há pouco: não eduquem suas filhas para serem princesinhas do papai e da mamãe. Eduquem as gurias para serem Mulheres com letra maiúscula, sem viverem sonhando com casamento e indo atrás do “chefe” da família em todos os seus desejos ou situações. Independência financeira e emocional na cabeça das guriazinhas. Mais tarde será tarde.

FALTA DIZER

A cara da brasileirada, isto é, da maioria. A manchete diz: – “TV Brasil patina e novo “Sem Censura” tem traço de audiência”. O Sem Censura é apresentado pela Cissa Guimarães e o programa é formidável, assuntos sérios, gente boa falando, mas… Para a brasileira só o que serve são as chanchadas. Tomem!

 

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.