O PT, no contexto nacional, anda batendo cabeça. A preocupação é cada vez mais ampliada entre seus principais dirigentes, mandatários e aquela velha guarda que sempre aconselhou e orientou Lula da Silva. Isso ocorreu nos dois primeiros mandatos. O primeiro sob Lula foi exitoso até que surgiu o mensalão. O petista, contudo, conseguiu dar a volta por cima e se reelegeu. Aí veio o desarranjo econômico-financeiro em função da gastança que, aliás, hoje também é uma realidade. Com seu apelo popular, o líder vermelho conseguiu fazer de Dilma Rousseff sua sucessora. Ela acabou derrubada do poder justamente por conta do descalabro da economia.
Fazemos esse retrospecto porque não resta a menor dúvida de que o grande formulador do PT, desde a sua criação, em 1980, nunca foi Lula da Silva, e sim Zé Dirceu. O super Zé, aliás, com Lula, perdeu três eleições. FHC foi eleito e reeleito no primeiro turno, embalado pelo Plano Real, sempre polarizando com Lula da Silva. Na quarta tentativa, Lula deixou claro para Zé Dirceu que só iria para ganhar. E foi aí que a eminência parda do Lulopetismo começou a se movimentar.
Primeiro, precisava de um grande marqueteiro. Trouxe Duda Mendonça, que trabalhou por longos anos para Paulo Maluf. Segunda missão foi colocar um empresário confiável como vice para dar tranquilidade não só ao mercado financeiro e ao setor produtivo, mas também à classe média formadora de opinião.
Mineiro
O nome foi o de Zé Alencar, buscado em Minas Gerais. E o terceiro e último ponto: recursos para a campanha, viabilizando efetivamente a eleição. Foi aí que Zé Dirceu correu o país buscando o necessário apoio logístico em várias prefeituras, o que acabou resultando nos episódios de Celso Daniel em Santo André e Toninho do PT em Campinas, ambos executados.
Vermelhos de SC
Voltando aqui para Santa Catarina, também tínhamos prefeituras ocupadas pelo PT em Chapecó, Criciúma, Blumenau e a própria Marta Suplicy em São Paulo. Zé foi bem-sucedido, tanto que foi nomeado ministro-chefe da Casa Civil e caiu com o mensalão.
Hierarquia
Seria o nome natural para 2010 na sucessão do segundo mandato de Lula. Seguinte a hierarquia petista, o próximo da fila era Antônio Palocci, ministro da Fazenda, mas ele também caiu em desgraça por situações envolvendo práticas de corrupção. Foi aí que Lula escolheu Dilma Rousseff.
Desespero
Fazemos esse retrospecto porque o PT está desesperado com o que ocorre hoje com Lula da Silva. Ele não dispõe de um celular. Qualquer liderança, seja petista, empresarial ou política, para falar com Lula, tem que passar por Janja primeiro. Seja quem for.
Presidenta
Como ele não tem celular, tudo passa por ela, que já se instalou no Palácio do Planalto, num gabinete ao lado do presidente. Presidente que realizou agora a 18ª viagem internacional. São verdadeiras excursões em atividades turísticas, papelões atrás de papelões, declarações descabidas, comportamentos fora do tom que envergonham o Brasil no exterior.
Tour
Mas a prioridade é fazer com que a primeira-dama conheça o mundo, até porque ele não está a fim de administrar, não está com disposição para governar. Ele está fazendo de conta. Essa é a grande realidade. Foi uma semana terrível para o país, a que passou, e ele foi pro exterior curtir as belezas da Europa.
À deriva
Só que o PT começa a perceber que a situação está ficando para lá de preocupante. O país está à deriva sob o aspecto econômico, politicamente um desastre atrás do outro, derrotas sucessivas no Congresso.
Quem manda
O governo, na verdade, hoje tem sua autonomia comprometida pelo Supremo Tribunal Federal. Não tem dado muita bola para o Congresso, o que é um risco para o futuro no curto prazo em relação ao próprio mandato presidencial. E os petistas estão ansiosos e apreensivos com o que ocorre.
Agarrada
Porque se observa claramente uma dependência emocional de um cidadão com quase 80 anos em relação a uma primeira-dama 25 anos mais jovem. Considerando os 580 dias que esteve preso e que mereceu a atenção e o apoio da hoje primeira-dama, isso certamente criou uma dependência.
Impedimento
O quadro faz com que o país hoje viva uma situação desafiadora que não preocupa apenas congressistas e empresários, mas especialmente aliados e correligionários, ministros de estado que por vezes não conseguem despachar com o presidente da República. Fica aqui a reflexão em torno desta insofismável realidade que, em última análise, coloca em risco o futuro do país.