Há mais de 30 anos, bem no Centro de Jaraguá do Sul, o “Crepes da Praça” tem sido um marco de sabor e tradição. Localizado na Rua Quintino Bocaiúva, em frente à Praça Ângelo Piazera, este empreendimento conquistou gerações com suas delícias caseiras e o carinho de seu fundador, Antônio Máica Siqueira, conhecido carinhosamente como “Velhinho do Crepes” ou “Gaúcho”.
Tudo começou de maneira modesta, com uma caixa de isopor, uma máquina de massa e muita dedicação. Em 1993, Antônio se mudou do Rio Grande do Sul para Santa Catarina com seus três filhos pequenos, em busca de um futuro melhor. Ele não imaginava que sua massa recheada no palito se tornaria parte da vida de tantas pessoas em Jaraguá do Sul.
Antônio iniciou sua trajetória como latoeiro, abrindo uma oficina mecânica na Rua Bernardo Dornbusch. Mas o destino tinha outros planos para ele. Em 1994, começou a vender água, refrigerante e picolés em uma caixa de isopor. Pouco depois, decidiu abrir um estabelecimento fixo, dando origem ao Crepes da Praça.
“Era só uma salinha no começo, mal cabia uma pessoa. Aos poucos, fomos conquistando o público e conseguimos um espaço melhor para nossos clientes. Mas até chegar lá, eu precisei gastar muita voz gritando pelas ruas de Jaraguá do Sul: ‘Quem quer água?'”, relembra Antônio com um sorriso.
Tradição e carinho
O Crepes da Praça tornou-se um símbolo de tradição familiar, especialmente durante as festividades de fim de ano. É comum ver pessoas passeando pela Avenida Marechal Deodoro da Fonseca, admirando as luzes de Natal, com um crepe na mão.
Muitos jaraguaenses têm suas próprias memórias para contar sobre suas visitas à creperia, como as primeiras saídas com os amigos, os encontros românticos sob as luzes da cidade ou os momentos de alegria com a família. O sabor inconfundível dos crepes de Antônio é uma constante em muitas dessas lembranças, um detalhe que torna cada história especial.
Nem mesmo a pandemia de Covid-19 conseguiu derrubá-lo. Após um período de portas fechadas, o negócio voltou com força total. O cardápio diversificado e atualizado continua a conquistar paladares, mantendo o sabor caseiro que lembra o carinho de um avô. Os clientes, antigos e novos, encontram no Crepes da Praça um refúgio de sabor e aconchego.
Crescimento
Hoje, o Crepes da Praça conta com 15 máquinas para atender à alta demanda. Nos dias de maior movimento, chegam a vender cerca de 1.500 crepes por dia, o que resulta em nove baldes de massa. “Os sabores que mais vendem são sempre um mistério para nós, mas o que mais saem são dois amores, queijo com azeitona e frango”, comenta Verônica Costa Medeiros, de 23 anos, uma das funcionárias de Antônio.
Antônio se sente gratificado ao ver seus antigos clientes, agora adultos, trazendo seus próprios filhos para saborear os crepes. “Me sinto orgulhoso porque lá no início eu não dava nada para o meu comerciozinho. E é lindo ver ele crescer junto com a cidade, com a nova geração”, comenta emocionado.
E como dizem por aí, “quem tem boca vai a Roma!”. E quem tem um crepe saboroso, conquista corações. Três décadas depois, valeu a pena cada grito pelas ruas, não é mesmo, Sr. Antônio?