A loucura de ser feliz – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

18/06/2024 - 07:06

Houve um tempo em que a sociedade não admita problemas mentais nas pessoas, as que sofriam qualquer tipo desses problemas eram escondidas pelas famílias ou internadas nos então chamados hospícios. Era o fim da jornada, dificilmente alguém saía “curado” de um hospício. Tudo bem, os hospícios não existem mais, mas que ninguém hoje se atreva a chamar alguém de doente mental. O mal-educado será cuspido pelas esquinas. Pura hipocrisia, nunca como hoje houve tantos doentes mentais, loucos, como eram chamados no passado. Só que tem uma coisa que poucos sabem. As pessoas outrora internadas em hospícios eram muito estudadas, pesquisadas. Médicos, cientistas de todo tipo, psicólogos eram atraídos por estudos e pesquisas em pátios de hospícios. A grande “descoberta” nesses estudos foi algo muito interessante: não havia pessoas infelizes no pátio dos hospícios. O sujeito podia estar comendo o cadarço dos sapatos como se fosse espaguete, mas comia feliz, para ele era espaguete. Parando para pensar, quer dizer que para ser feliz é preciso estar fora da casinha mental, precisa ter um pé na loucura? Penso que sim. Uma loucura diferente, uma loucura assentada sobre os desapegos aos inúteis da vida – quase tudo – e apegos aos saudáveis da vida. Conheço pessoas que passaram muitos anos esperando, suspirando, pela aposentadoria… Por quê? Ah, para relaxar e poder viajar sempre que viesse a vontade. Pois muitos desses casos foram posteriormente estudados e as descobertas foram surpresas para muitos: livres, tempo todo livre, os outrora sonhadores pela aposentadoria libertadora sentiam-se sem graça, como um radinho sem pilha, sem vida… A liberdade com que muitos sonham durante os anos de trabalho “forçado”, a aposentadoria, não vai ser o que foi sonhado. Essa liberdade não vai passar de um exílio, de uma especial solidão. Há quem tome o trabalho como maldição religiosa, aquela história que humanos dinheiristas inventaram, aquela do – “Comerás o pão com o suor do teu rosto”. Essa invenção foi para enganar pessoas sem “letras” e forçá-las a não ver o trabalho escravo como escravidão. Tudo pensado por humanos espertos, os mesmos que andam por aí até hoje. Ou será que alguém é tão ingênuo para não saber que há muito de trabalho escravo no Brasil? Escravo e impune… Liberdade é ato pessoal, como também o é a decisão de ser feliz. O mais é autoengano.

VERDADE

Há entre um meio muito simples, seguro, para deitar e dormir sem precisar de soníferos, deitar e dormir sem inquietações. O caminho para esse sono é facílimo: é ser medíocre, ser um nada, como, aliás, a maioria. Só que a maioria mente, arrota, e a partir daí, do falso poder, resultam as invejas e as agressões. Ser medíocre, ser um nada, é sono bom e garantido. As brigas, as antipatias, as postagens maldosas da internet se criam pelas invejas, pelas autoestimas rasteiras, pelos nadas. Só isso.

REPETIÇÃO

Pensei que era página virada, mas nada é página virada, tudo se repete. Acabo de ler num portal de notícias: – “Como se sentir mais atraente e admirada; dicas da numerologia. Não é preciso dicas de ninguém, quem quiser ser pessoa admirada, atraente, basta que enriqueça a cabeça com valores e boas leituras. Não há melhores cosméticos, grandeza interior é tudo…

FALTA DIZER

Imagine sua filha, sua irmã, menina de 12 anos ser estuprada e engravidada por um canalha e essa menina não poder abortar; se o fizer, a pena dela e do médico será maior que a do estuprador, imagine. Vai conhecer o inferno na Terra quem propuser tal idéia…

 

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.