Todos nós temos um inimigo muito perigoso na vida, todos, sem exceção. Esse inimigo está dentro de nós, é o nosso “alter-ego”, o nosso outro eu… E de onde vem esse inimigo, como ele se criou, quem o alimenta hoje? Nós mesmos, por vias indiretas, subconscientes. Encrencas daquele tipo que só uma psicanálise muito longa pode minimizar, jamais curar. Digo isso acabando de ler uma obviedade, mas uma obviedade relevada por nós todos no mais das vezes. A obviedade estava no meu horóscopo, mas vale para todos os signos, queres ver? Ouça – “Olhe para seu interior e comece um diálogo sincero e transparente com sua alma. Evite argumentar consigo na tentativa de fazer parecer outra coisa diferente do que é. Não minta para si”. Minto sim, mentidos todos. E por que mentimos? Porque pensamos que estamos pensando e decidindo pelo melhor, quando, na verdade, estamos sendo puxados pelo anzol dos condicionamentos, da educação da primeira infância, dos nossos medos e trevas inconscientes. Nossas decisões podem parecer resultantes do que decidimos e queremos… Nada disso, somos o resultado de um longo e subconsciente condicionamento. Mentir para nós mesmos é na verdade um ato de defesa para não jogarmos contra o que a vida nos tornou, a começar na primeiríssima infância, quando não tínhamos defesas e os mais velhos nos impuseram seus valores ou loucuras. Não é por outra razão que existem as psicoterapias longas como a psicanálise. De tanto falarmos de questões e valores repetidos, lá pelas tantas, ao meio de uma sessão de psicanálise surge aquilo que se chama de “insight”, visão interior. Vou falando, falando e de repente digo a mim mesmo: – Espere, acho que estou entendendo…! E passo a entender o que de há muito me inquieta. Insight, luz interior. Fora disso é enganação pura; usamos, todos, sem exceção, dos chamados mecanismos de defesa do ego. Para não ver ou para não ceder diante de uma verdade ou desejo, uso de uma mentira inconsciente. E saio me achando o tal… Pobre coitado. Diálogo sincero com nós mesmos é impossível, dizemos com a boca, com o consciente, mas quem nos dirige é o inconsciente. A consciência é a ponta do iceberg, o que vemos, o que nos afunda é o inconsciente, nossas razões que não vemos ou sabemos de onde vêm… S.O.S.
FALAR
De fato, a fala nos revela, os povos se revelam por suas tradições orais, por seus modos de todo tipo. A “vagabundagem”, por exemplo, inventou a expressão “ganhar dinheiro”. Ninguém ganha dinheiro, os americanos nessa área são mais educados, eles dizem “fazer dinheiro”, to make money. Diante de um desafio qualquer, desejamos a alguém: – “Que deus te ajude”! Não há santo que ajude a quem não se ajude. Certo, brasileirada? E parem com as desculpas das desigualdades.
ESCAPOU
Manchete do site Metrópoles – “BA – homem que seria executado por tribunal do crime é salvo pela PM”. O cara estava amarrado num casebre e seria baleado em minutos, mas a PM baiana o salvou. A mesma PM que ele, com certeza, tinha até então como sua inimiga. Será que o safado vai aprender a lição? Já não é sem tempo, bestalhão!
FALTA DIZER
Certos crimes não podem ser relevados, os vagabundos têm que levar uma sova inesquecível, uma “sova” da lei… Sem discussões nem defesas alicerçadas por dinheiro. Manchete: – “Abuso sexual em abrigos e nas ruas viram pesadelos no Rio Grande do Sul”. Ô, ter esses abusadores na salinha dos fundos, inesquecível, aprenderiam para sempre. Para “sempre”. Inesquecível…