Se em algum momento da história a Vila Lenzi foi apenas um reduto tranquilo, apenas uma extensão do centro, hoje o bairro tem vida e expressão própria.
As ruas Venâncio da Silva Porto e João Planinschek, importantes vias do bairro e da cidade, vivem um trânsito intenso diariamente – o que demonstra esse crescimento, com seus prós e contras.
Na Vila Lenzi se encontra, nessa expressão da urbanidade, muitos supermercados, farmácias, postos de combustível, mecânicas, comércios e serviços de todos os segmentos, ao mesmo passo que os resquícios de outras épocas ainda se encontram nas casas com grandes terrenos, jardins floridos, pequenas roças de milho ou mandioca.
Por sorte ainda se pode ver uma mistura do urbano com o clima pacato tradicional de um bairro residencial, que surgiu justamente de pessoas buscando um lugar para viver.
Foi a necessidade de moradia que desenhou o bairro. O começo remonta oficialmente a 1946, data das primeiras menções ao Loteamento Lenzi nos documentos da Prefeitura, dando os primeiros contornos oficiais ao que seria o bairro, segundo informações do Arquivo Histórico de Jaraguá do Sul.
O nome Vila Lenzi evoca a figura de um homem que foi criador desse loteamento, e considerado portanto pioneiro na ocupação do bairro: o professor Giardini Lenzi.
Mas cabe ressaltar que anos antes, entre 1898 e 1900, outras famílias também adquiriram terras por ali, incluindo Francisco Lenzi, Rosa Conceição, Salomão Mengarda, Vitório Piazera, Giovanni Picolli, Pedro Picolli, Gabriel dos Santos, Antônio Catharina de Souza, entre outros.
A Vila Lenzi foi incluída oficialmente no mapa urbano de Jaraguá do Sul em 1966. Atualmente é um dos bairros mais populosos da cidade, com 6.151 moradores registrados no censo de 2010 do IBGE (os dados de 2020 por bairro ainda não foram divulgados pelo IBGE).
Do lixão à Arena
Além do desenvolvimento econômico, a Vila Lenzi em Jaraguá do Sul experimentou significativas transformações ao longo das décadas. Um dos maiores desafios enfrentados pela comunidade na década de 1990 foi a transformação do lixão local em um aterro sanitário. Este projeto não apenas resolveu um grave problema ambiental, mas também culminou na criação de um espaço de convivência comunitária.
O antigo lixão foi convertido em uma área revitalizada, que hoje abriga o estacionamento da Arena Jaraguá. O espaço, inaugurado em 2007, é um moderno ginásio poliesportivo que se tornou um importante centro para eventos esportivos, culturais e de lazer, atraindo visitantes e promovendo a interação social na região.
O reduto do Mestre do Carnaval
Na década de 40, a família de Domingos da Rosa – um dos trabalhadores que veio junto a Emílio Carlos Jourdan iniciar o Empreendimento Jaraguá – começou a residir na região, caracterizando nas décadas seguintes um importante movimento cultural no bairro.
Antes vivendo no Morro da Boa Vista, a família já mantinha as tradições do boi-de-mamão e das festas de Carnaval, e na Vila Lenzi a efervescência seguiu, especialmente com a figura do filho de Domingos, Manoel Rosa.
Conhecido como Mestre Manequinha, ou melhor, Senhor do Carnaval, seu papel na cultura da cidade foi tamanho que hoje um importante aparelho de serviços públicos da Vila Lenzi, o CEU, carrega seu nome.
Afinal de contas, foi Manequinha que manteve vivo por muitos anos o Carnaval da cidade, trazendo a cultura afro-brasileira para o centro das celebrações em uma região fortemente marcada pelas tradições europeias.
Quem foi Giardini Lenzi?
Giardini Luiz Lenzi foi um professor e empreendedor nascido em Jaraguá do Sul, Santa Catarina, em 1º de maio de 1907. Ele casou-se com Maria Bardim Lenzi e teve dez filhos. Ao longo de sua vida, Giardini teve uma carreira diversificada que incluiu serviços militares, educação e empreendimentos imobiliários.
Ele dedicou 26 anos ao ensino, lecionando em várias cidades, incluindo Joinville, São Bento do Sul, Porto União e sua cidade natal, Jaraguá do Sul. Sua última posição foi como professor na localidade de Ribeirão Grande do Norte, área rural do município.