A gastronomia brasileira é diversa e reflete a influência de vários lugares do mundo. Temos o churrasco no sul, o pão de queijo em Minas, a feijoada, o açaí do Norte, o bolo de rolo, a moqueca capixaba e a baiana, o café, a tapioca, e tantos outros. Alguns preparos de alimentos se tornaram patrimônios culturais e imateriais do país. Foram certificados pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN). São eles: a cajuína piauiense, o ofício das baianas de acarajé, a tradição doceira de Pelotas – Rio Grande do Sul, e o queijo artesanal mineiro.
Para receberem tal certificação, são observados: a escolha dos ingredientes, o modo de preparo, a cena histórica e cultural e o conhecimento, passado de geração para geração. São comidas únicas, características de uma região do mundo, e por isso se tornam tão especiais.
Acarajé é um bolinho de feijão-fradinho frito no azeite de dendê, comida que é a cara da Bahia. Foi reconhecido em 2004 como o Ofício das Baianas de Acarajé, em Salvador (BA). Todos os aspectos referentes à atividade e à sua ritualização, elementos associados à venda, como a indumentária da baiana, a preparação do tabuleiro e dos locais onde se instalam, a natureza informal do comércio e os locais mais costumeiros de venda.
A bebida Cajuína, desde 2014, é um bem cultural e imaterial registrado no livro de registro dos saberes do IPHAN. Típica do estado do Piauí, ela é uma bebida não alcoólica, feita a partir do suco do caju separado do seu tanino. O processo de separação do tanino é conhecido como clarificação. O suco clarificado é cozido em banho-maria, em garrafas de vidro, até que o açúcar caramelize. Depois de pronto, pode ser armazenado por até dois anos.
Teresina, nos tempos da Belle Époque tinha vida cultural intensa. A cajuína se insere como um dos elementos dos rituais de hospitalidade e era servida para familiares, amigos e visitas ilustres. Era oferecida como presente em aniversários, casamentos e outras festividades.
É difícil pensar em Minas Gerais sem pensar no queijo. Em 2002, o ‘Modo de Fazer o Queijo Artesanal da região do Serro’ foi reconhecido pelo Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico (Iepha-MG), sendo o primeiro bem cultural registrado por Minas Gerais como patrimônio imaterial. Em 2008, a produção foi reconhecida nacionalmente pelo IPHAN, contemplando as regiões do Serro, Serra da Canastra e Serra do Salitre, tornando-se um Patrimônio Cultural Imaterial Brasileiro”.
Muitos doces, como figo em calda, ameixa recheada, bolo de noiva, marmelada, quindim, pessegada e tantos outros, fizeram Pelotas–RS ficar conhecida como a “terra do doce”. Em 2018, IPHAN reconheceu as Tradições Doceiras da Região de Pelotas e Antiga Pelotas, que inclui também as cidades de Arroio do Padre, Capão do Leão, Morro Redondo, Turuçu, como patrimônio cultural do Brasil. “O doce desempenha um papel peculiar na composição da sociedade regional, sendo um elemento cultural que amarra a diversidade de grupos étnicos e sociais que a compõem”.
Nessa semana fiz uma reflexão sobre este tema depois de saber do desejo dos catarinenses em ter reconhecido o Caldo de Mocotó como um patrimônio imaterial de Florianópolis. Será uma caminhada em busca deste reconhecimento. Acho justo. E ressalto que nossa alimentação representa muito quem somos! É importante resgatar receitas, rituais de preparo, história, para que, no futuro, ainda possamos nos lembrar quem somos. Evoluir sempre, mas sem perder nossas raízes!
Me conta, quais pratos catarinenses você gostaria de ver reconhecidos como patrimônio cultural e imaterial?