A 12ª Pesquisa Indicador Nacional de Atividade da Micro e Pequena Indústria, realizada pelo Datafolha a pedido do Sindicato da Micro e Pequena Indústria (SIMPI), revela uma perspectiva multifacetada do cenário econômico para a categoria durante o mês de março de 2024.
Os últimos dados revelam que os indicadores de desempenho das micro e pequenas indústrias brasileiras apresentaram uma queda significativa em comparação com o levantamento anterior, realizado no bimestre de dezembro de 2023 e janeiro de 2024. Esta tendência já havia sido observada na transição de 2022 para 2023.
Além disso, aproximadamente uma em cada cinco empresas (27%) possui vagas de emprego abertas que não consegue preencher. Esse índice é superior ao registrado entre agosto e setembro do ano passado (21%). A falta de capacitação da mão de obra disponível no mercado é apontada como a principal dificuldade para contratação, seguida pela escassez de pessoas disponíveis no mercado de trabalho.
O Índice de Contratação e Demissão das Micro e Pequenas Empresas (MPIs), classificado numa escala de 0 a 200, registra 102 pontos, indicando que um número ligeiramente maior de empresas está contratando (19%) em comparação com aquelas que estão demitindo (17%). Em média, as empresas que estão contratando abriram 4 vagas cada, enquanto as que estão demitindo cortaram 3 vagas, em média.
Índice de Satisfação das MPI’s
O Índice de Satisfação das MPI’s, uma medida abrangente que avalia a satisfação geral com os negócios, o faturamento e o lucro, registrou uma redução de 9 pontos em relação ao bimestre anterior, caindo de 127 para 118 pontos. Em comparação com o mesmo período do ano passado, a diferença é menos expressiva, indo de 122 em março de 2023 para 118 pontos agora. Notavelmente, o desempenho das microindústrias (117 pontos) ficou abaixo das pequenas (129 pontos), que apresentaram uma melhora em relação ao mesmo período de 2023.
Quanto às expectativas para o próximo mês, há uma estabilidade geral, com 49% das empresas esperando uma melhora nos negócios, em comparação com 52% no bimestre anterior. A taxa de inadimplência manteve-se estável em 32%, enquanto o Índice de Contratação e Demissão das MPI’s permaneceu relativamente estável em 102 pontos, acima do registrado no mesmo período de 2023.
Sobre o faturamento das MPI’s, a satisfação caiu de 43% para 33%, esse é o pior desempenho registrado ao longo do levantamento. A margem de lucro referente ao mês anterior das empresas, também apresentou uma queda na satisfação e caiu de 38% para 32%.
Perspectivas econômicas
No cenário econômico, a avaliação da situação do setor se manteve estável, variando de 41% para 38%, sobre as expectativas futuras o índice oscilou negativamente, de 43% para 39%, daqueles que estão otimistas em relação ao setor de atuação, e metade (49%) prevê estabilidade.
Inflação
O cenário segue pessimista referente à inflação, oscilando de 50% que afirmaram que vai aumentar para 47%, o otimismo permanece estável, 11% afirma que vai diminuir. No recorte o Estado de São Paulo é o mais pessimista, mais da metade (52%) acredita que a inflação vai aumentar. A expectativa sobre o poder de compra segue a tendência da inflação, e 45% esperam queda no poder de compra nos próximos meses.
Índice de Custos
O Índice de Custos das MPI’s mantém a estabilidade em relação ao bimestre anterior, oscilando de 118 a 121 pontos, ainda em patamar elevado. O índice varia de 0 a 200 pontos, sendo que quanto maior o número menos empresas são afetadas por alta significativa de custos. No mês anterior a pesquisa, 38% das empresas relatam ter sofrido com altas significativas nos custos da produção, principalmente em matéria-prima e insumos (25%)
Outro dado que se destaca, mesmo diante de cenários desafiadores em relação a custos, juros, mão de obra e insumos, é que 90% das empresas declaram que não há possibilidade de encerrarem suas atividades nos próximos três meses. Na região Sul, entretanto, esse dado é um pouco mais pessimista, com 14% das empresas declarando que existe a possibilidade de fecharem o negócio.
Inadimplência
Por fim, de acordo com os dados levantados, a taxa de inadimplência oscilou de 29% para 32% entre os empreendedores que sofreram inadimplência. Em empresas com até 15% de faturamento, o nível de inadimplência foi mais alto, atingindo 14%. Para empresas com faturamento entre 15% e 30%, a taxa foi de 9%, assim como para aquelas com mais de 30% de faturamento.
Na região nordeste do país, a inadimplência alcançou um nível preocupante de 18% em empresas com faturamento superior a 30%. Por outro lado, na região sudeste, esse número cai pela metade, atingindo 9%.