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A pergunta

Por: OCP News Jaraguá do Sul

08/04/2016 - 15:04 - Atualizada em: 08/04/2016 - 15:43

Plínio estava pela bola sete. Não tinha mais jeito, sabia que não iria durar muito tempo. Já estava internado fazia uma semana e pessoas que não via há tempos estavam aparecendo. As visitas aconteciam de forma estranha. Os filhos, por exemplo, chegavam de olhos vermelhos, lhe passavam a mão na cabeça, abraçavam forte, faziam uma selfie com o pai e iam chorar no corredor.

Perguntou para a esposa, Adelina, se ela sabia de alguma coisa que não haviam falado para ele, mas ela negava. Mas, quando o padre Beto apareceu para lhe fazer uma reza, teve certeza: “Danou-se! Lá vou eu comer grama pela raiz”.

Adelina acompanhou o padre em sua saída e, neste momento, Plínio começou a conversar com seu colega de quarto. Sim, porque o plano de saúde dele não contemplava apartamento, era quarto com mais um sujeito. Comentou:

– Pois é, amigo… Acho que tá chegando a minha hora.

– Eu também tenho essa sensação. Porém, nunca estamos preparados, não é?

– De jeito nenhum. O que pensar numa hora dessas? Agarrar-se num rosário?

– Ah, eu tento me conformar pensando que aproveitei bem a vida e que, quando morrer, finalmente vou poder perguntar para algum santo tudo que sempre quis saber e ninguém soube me responder.

– É uma forma interessante de raciocínio. Não tinha visto por esse lado. Você fez tudo que tinha vontade?

– Acho que cumpri 90% das minhas metas.

– Poxa, quantidade de respeito. Eu acho que fiquei no 75.

– Já está acima da média.

– E me diga… Que curiosidade quer matar quando encontrar um santo?

– São tantas. Nem sei o que perguntar primeiro. Quero saber se existe vida em outros planetas… Quero um esclarecimento sobre Adão e Eva… Quero saber qual o verdadeiro rombo da Petrobrás… E por aí vai… E você? O que perguntará quando estiver cara-a-cara com algum “dono da verdade”?

Quando Plínio ensaiou uma resposta, começou a ficar roxo, esbugalhou os olhos, deu um grande suspiro e ouviu, ao longe, o colega de quarto falando: “Não olhe pra luz! Não olhe pra luz”. Mas, era tarde. Plínio já tinha ido dessa para melhor.

Ao abrir os olhos, nosso fúnebre herói se viu de bata branca, descalço, andando sobre nuvens e deu de cara com um velho barbudo que segurava uma grande chave dourada.

– Plínio, seja bem-vindo, meu amigo.

– Desculpe, acho que não fomos apresentados. O senhor é quem mesmo? Deus? Jesus?

– Não, não… Sou Pedro. São Pedro. Então, Plínio, você não chegou a responder ao seu colega. Que pergunta ficou sem resposta para você na Terra?

Plínio pensou um pouco e respondeu:

– Na verdade, seu Pedro, tenho duas.

Pode ser?

– Pode, sim. Quais são suas grandes perguntas?

– Primeiro, quero saber: Paul McCartney foi ou não foi substituído por um sósia? E, afinal… Capitu traiu ou não traiu Bentinho?

– Pô, de novo essa pergunta? Alguém aí de dentro, chama o Machado.

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OCP News Jaraguá do Sul

Publicação da Rede OCP de Comunicação