Tive um colega no curso de Psicologia, um sujeito muito bem-humorado, que dizia que se alguém o chamasse de “doente mental” ele saltaria na goela do ofensor, mas se o chamasse de louco ele sairia rindo e feliz. Faz sentido. Faz sentido ainda que na sociedade hipócrita e falsa em que vivemos passou a ser moda o politicamente correto, chamar, por exemplo, uma pessoa de louca ou louco é ofensivo. Ofensivo é ser ladrão, ladrão bem-vestido, tipos esses canalhas que andam por aí – acusados, suspeitos e de fato culpados – nos processos da Lava Jato, isso sim é ofensivo. Não a eles, os acusados, é claro, mas ao povo roubado… Mas não é esse o assunto, o assunto é ser louco.
Antes de ir adiante, devo lembrar que nos pátios de hospício raramente há pessoas doentes do coração ou que vão morrer de infarto, é raro o infarto entre os “loucos”… Como é raro o câncer, não é estranho? Não, não é estranho. As doenças da “civilização”, as emocionais, pegam e derrubam os “sãos”, os falsamente saudáveis, os das academias, por exemplo.
No pátio do hospício quando um “louco” esconde a mão dentro da camisa e sai dizendo que é Napoleão ele é Napoleão, ele não está brincando. E é feliz sendo Napoleão. Aqui fora, na sociedade dos “saudáveis”, idiotas com algum dinheiro ou pose ou título fajuto de autoridade agem como se fossem Napoleões. Eles acreditam de fato que são Napoleões modernos, os estúpidos. E isso, essa luta pelo “ser”, uma luta errada e sem sentido, está levando as pessoas às enfermidades cardíacas e às degenerativas, câncer entre todas as demais… Doenças da modernidade, doenças que sempre existiram mas dentro de padrões admitidos pela teoria das probabilidades, exceções. Hoje não, hoje são regras…
A competitividade, a inveja, as tensões, ansiedades, estresses e depressões estão derrubando os “saudáveis”, não os “loucos”, os loucos estão bem, piraram de vez… E se o que digo parece pândega é na verdade a mais sacrossanta das verdades.
As pessoas verdadeiramente felizes são as que descobriram, sem chiliques histéricos, que é perfeitamente possível ser feliz dispondo de muito pouco, do essencial apenas… Já os neuróticos, os “doentes mentais”, ah, esses não se conformam com o que têm, vivem gastando do que não dispõem, endividam-se, adoecem e morrem cedo, mas acham que estão certos. A felicidade é moça simples, não gosta de adereços, ela vai direto ao ponto, um ponto onde há muito pouca gente esperando por ela e com ela se encontrando. Que legal, perdi meu tempo.
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