Escritora de Joinville lança “Vela e Vento, Pena e Sol”, livro infantil que desmistifica o “Descobrimento” do Brasil

Foto: Brasa Viva - Divulgação

Por: Isabelle Stringari Ribeiro

01/04/2024 - 15:04 - Atualizada em: 01/04/2024 - 15:07

A escritora e arte educadora Ana Beatrís Raposo, de Joinville (SC), lançará seu primeiro livro infantil, “Vela e Vento, Pena e Sol” (Editora Areia), com sessão de autógrafos e contação de histórias em 7 de abril. O evento será na área externa da Casa do Capitão Gastronomia e Eventos, no acesso para o Morro da Boa Vista, local escolhido por estar junto a uma área de proteção ambiental da Mata Atlântica. O encontro com a autora iniciará às 15h30 e, além de uma sessão de contação de histórias, também contará com a presença dos Irmãos Feitosa realizando caricaturas temáticas dos participantes.

“Vela e Vento, Pena e Sol” une poesia e ilustrações inspiradoras para contar uma história já conhecida, mas sob outro ponto de vista: a chegada dos portugueses ao Brasil em 1500 e as consequências deste encontro para os nativos e seu território. Ela tem o respeito à natureza e à ancestralidade como temas transversais e, mais do que relatar detalhes daquele momento histórico que ficou conhecido como “Descobrimento” do Brasil, instiga o leitor a refletir sobre os reais acontecimentos do passado.

“Eu acho que as crianças e os adolescentes estão muito mal informados sobre a história e a diversidade do nosso país. Há uma ausência muito grande desse tipo de proposta e eu sentia necessidade, como educadora e como artista, de maneiras com que as pessoas possam começar a trilhar este caminho em busca do conhecimento. E que estas sejam atrativas, que realmente despertem interesse. Acho que este é um chamado urgente”, avalia Ana Beatrís.

Foto: Brasa Viva – Divulgação

Apesar do tema sério, “Vela e Vento, Pena e Sol” é recheado de ludicidade. Para os jovens leitores, é também uma forma de desenvolver o vocabulário e compreender a origem de algumas palavras indígenas que foram incorporadas à língua portuguesa no Brasil, como os nomes de árvores, animais, cidades e alimentos. Ao fim do livro, há o Almanaque Pindorama, um glossário com uma lista dos termos citados ao longo da história e seus significados, além de curiosidades sobre os personagens e episódios reais.

As ilustrações, ricas em detalhes, foram produzidas pela própria autora e fizeram parte de um movimento de transformação da própria jornada. Parte do processo criativo aconteceu após um tratamento contra o câncer e em meio ao isolamento social provocado pela pandemia de Covid-19.

“Eu estava me olhando de outra forma e querendo ressignificar a minha vida, e foi nesse momento de mudança total que eu comecei a escrever. Não foi uma coisa contínua: as ideias vinham, eu anotava, e então ia estudar os livros históricos. Quando cheguei na metade da história, decidi esboçar as ilustrações. Eu até tinha a ideia de convidar outros artistas, mas, naquele momento de tensão da pandemia em que ninguém saía de casa, comecei a fazer e elas foram acontecendo. Foi um casamento entre a linguagem e o desenho”, explica a autora.

 

Primeiro passo para um projeto de reconhecimento da identidade brasileira

“Vela e Vento, Pena e Sol” é o primeiro de uma série sobre a história e a cultura do Brasil e faz parte do projeto Brasa Viva Arte e Educação. A coleção terá livros infantis baseados em movimentos importantes da história brasileira, todos com viagens além-mar e que refletiram na criação da identidade cultural brasileira: a invasão dos portugueses, a escravidão dos africanos e os movimentos migratórios do século 19. O projeto também contempla oficinas que, por meio da arte educação, promoverão reflexão sobre a história e as manifestações culturais brasileiras.

“Ele é um projeto destinado a ajudar a descobrir quem somos nós, brasileiros, e o que nos torna brasileiros. E para percebermos quantas histórias são reunidas para compor a nossa história, acender o que estava apagado, mal contado ou esquecido, e reconhecer essas histórias que nos habitam como uma forma de valorização das matrizes estéticas e culturais que constituem a formação do nosso país”, afirma Ana Beatrís.

Sobre a autora

Ana Beatrís Raposo nasceu em Joinville e tem a arte como parte importante da sua vida desde a infância, quando conheceu o teatro por meio de uma professora do Ensino Fundamental. Estudou Artes Visuais na Universidade da Região de Joinville (Univille), tem pós-graduação em Ensino Bilíngue e, desde 1997, atua como arte educadora, atriz e diretora teatral. É professora da Coree International School desde 2010 e membro da Academia de Letras do Brasil de Santa Catarina (ALBSC).

Por meio do teatro, realizou intercâmbio cultural com a cidade co-irmã de Joinville, Langenhagen, na Alemanha. Em parceria com o artista Paulo Lindner criou o projeto Cacos da Mata – Arte e Ecologia, com o qual participou de exposições em Florianópolis, Porto Alegre, São Paulo, Rio Janeiro (durante o Rio+20), Frankfurt am Main, Genebra e Schaffhausen.

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Isabelle Stringari Ribeiro

Jornalista de entretenimento e cotidiano, formada pela Universidade Regional de Blumenau (FURB).