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Verdade incômoda

Por: Luiz Carlos Prates

17/01/2016 - 15:01 - Atualizada em: 17/01/2016 - 15:21

Um dia um paspalho disse que o ser humano nasce bom, e a sociedade o corrompe. O que é sociedade? É a vida em grupo, eu, tu, ele, nós, vós e eles… Dessa vida em sociedade, às vezes, surge o bem, às vezes. Mas o bem é sempre o resultado ou de um sentimento de culpa, inconsciente, nosso ou dos medos de toda sorte. Sentimentos de culpa e medo fazem o ser humano eventualmente bom…

Os antigos pensadores da humanidade já haviam dito que nascemos regidos pelo Princípio de Prazer, queremos a satisfação dos nossos anseios agora, já. Como nem todo desejo é possível de ser atendido aqui e agora, a sociedade, o conjunto das pessoas morando próximas umas das outras, criou o Princípio de Realidade, que se antepõe ao Princípio de Prazer.

Esse Princípio de Realidade é a lei, as convenções, as proibições, mais que tudo. De outro modo a sociedade não resistiria a um único dia, cada um ia fazer o que bem lhe entendesse. A partir daí, assaltos, estupros, latrocínios, tudo o de ruim, estaria nas possibilidades da vontade de cada um no aqui e agora.
Baita besteira dizer que o ser humano nasce bom e a sociedade o corrompe; o ser humano nasceu um demônio, e a sociedade o põe nos trilhos… Tanto quanto pode. Os psicopatas são incorrigíveis.

Mas o que eu quero dizer mesmo é que o ser humano se trai por todos os poros. Os autores de novela sabem que os grandes artífices de suas histórias para a tevê são os vilões. Os vilões garantem Ibope, muita audiência.

A Globo acaba de mostrar a novela Além do Tempo, onde havia uma vilã daquelas, mulher da pesada para destruir o ex-marido, a rival, os “inimigos”, até mesmo o filho… Vilã daquelas de nos fazer morder os beiços.

Pois é, mas essa vilã, interpretada pela atriz Paola de Oliveira disse numa entrevista que ela nunca foi tão aplaudida e cumprimentada como durante o tempo em que foi vilã de Além do Tempo. Eu sempre soube disso. E sabes por que, leitora? Porque pelas leis da Psicologia não prestamos, fingimos ser bons e quando vemos um vilão na televisão, inconscientemente, o encarnamos, gostaríamos de ser como ele, ela. É isso, o ser humano não nasceu, não, para ser bom, nasceu para não prestar. Difícil de aceitar? É por isso que eu digo que a Psicologia nada tem de fada madrinha, ela tem tudo de bruxa má. Ela nos puxa a máscara e nos faz ver quem somos…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.