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Conselhos discutíveis – Luiz Carlos Prates

Por: Luiz Carlos Prates

25/03/2024 - 07:03 - Atualizada em: 26/03/2024 - 23:53

Parei com o chimarrão e comecei a olhar para as nuvens, a olhar sem vê-las, a cabeça girando… De repente, como que saído do nada, veio-me à lembrança uma pequena estatueta que ganhei quando andava lá pelos 30 e poucos anos. Presente de um amigo. O presente foi uma estatueta com as figuras de três monges budistas. Sentados lado a lado, um dos monges tapava as orelhas, o outro tapava os olhos e o terceiro tapava a boca. Uma mensagem forte e silenciosa. Claro que a leitora e o leitor já viram estatuetas parecidas. O que significa aquela mensagem? O amigo que me deu a estatueta estava me provocando ou brincando comigo? Sempre vivi do “escutar”, do “ver” e do “falar”, falar com os dedos no teclado tanto quanto com a língua nos microfones. Impossível um jornalista não falar, não ver, não escutar. Vira monge e não jornalista. Sim, mas a mensagem não serve para todos nós? Claro que sim. Tapar os ouvidos para não ouvir das maldades que nos contam é um bom caminho para a paz… Tapar os olhos para não ver é também uma boa jogada, significa que os olhos são fechados para os erros sociais. E não falar é o caminho mais seguro para evitarmos conflitos, só que… Calar-se em certos momentos da vida, momentos nossos ou dos outros, é também covardia ou medo. A mensagem da estatueta budista é boa, mas é boa até ali… Nada na vida pode ser em extremos, só a defesa da honra, nada mais. Melhor é seguir a velha máxima romana, aquela do – “In Medio Stat Virtus”, a virtude está no meio. Tudo o que for feito com moderação leva-nos à virtude. O contrário da mensagem budista, essa da estatueta, é, seguramente, uma danação na vida. Em alguns momentos, tudo bem, mas viver “tapado” é desastre na certa. Sabemos que a predisposição altera a percepção. E por minhas predisposições vou acabar vendo, ouvindo e falando o que não é o correto… Vida social correta é para poucos. Ter os sentidos eticamente apurados é para os “santos”, não para os humanos. Ouvimos, vemos e falamos o que queremos, daí o mundinho em que estamos. Mas que seria uma beleza não ouvir, não ver e não falar, ah, seria. Só que… Seríamos comidos vivos.

VIAJAR

Verbo antipático é o verbo “espairecer”. Fico aplaudo quando alguém me diz – “Ah, preciso espairecer, acho que vou viajar, sei lá…”. Acabo de ler esta manchete: – “Viajar é uma forma da gente fugir dos nossos problemas”. O verbo fugir dana a pessoa viajante. Ninguém escapa de problemas fugindo em viagens de recreação. Se a cabeça não estiver limpa ao sair, vai voltar pior ao fim da viagem. Levar problemas na mala é enganação pessoal. E deixar os problemas é impossível.

HORROR

Você sabia que o Brasil tem duas vezes mais faculdades de medicina que a China e os Estados Unidos? E a China tem mais de 1,4 bilhões de habitantes. Ouvi isso da presidenta da Academia Nacional de Medicina, a médica Eliete Bouskela. Está explicado, temos escolas de medicina em quase todos os bairros no Brasil, imaginemos a qualidade dos futuros “doutores”. Quantidade nunca foi qualidade. Socorrrooo!

FALTA DIZER

Volto ao assunto. Há quem não acredite, mas não há outra saída. Seja o crime que for o delinqüente tem que pagar por ele. Seja o que for. A certeza do chicote da lei faz muitos pensar antes de surrar uma mulher ou matá-la. Quem duvidar que visite a Coréia do Norte…

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Luiz Carlos Prates

Jornalista e psicólogo, palestrante há mais de 30 anos. Opina sobre assuntos polêmicos.