Uma em cada cinco pessoas desenvolve câncer durante a vida, segundo a estática atual da Organização Mundial da Saúde (OMS). É para repensarmos, seremos pacientes?
Antes da negação e bloqueios, é o retrato verdadeiro da realidade. O diagnóstico de uma criança, jovem ou adulto, é um choque que não é individual, atinge a todos à nossa volta, principalmente àqueles que mais amamos, família e amigos próximos.
Ao diagnóstico, podemos ter a detecção da doença em estado precoce ou avançado, e as estatísticas mudam, podendo gerar confiança ou não, olhando para a % de continuarmos vivos após o tratamento.
Se surgem metástases, quando a doença é disseminada, as estatísticas podem ser cruéis, diminuindo nossa esperança, apertando ainda mais o nosso emocional.
Neste momento, na prática e na minha própria caminhada, afirmo que ligamos um instinto de sobrevivência, ignoramos tudo o que já ouvimos e vimos e focamos em nosso tratamento, para conhecer qual será a página do nosso livro. Enfrentamos a doença com as munições disponíveis, quimioterapia, cirurgia, radioterapia, transplante de medula óssea…Atacamos.
Isso não é fácil, mas não podemos perder o foco de viver. O grande desafio é dentro de nós mesmos, como nos manteremos vivos nessas condições indesejadas?
Na minha cabeça ecoava uma frase dos meus pais, “você é forte e corajoso e você não desiste”, que apliquei e repliquei por muitas vezes no dia a dia, com ótimas experiências e resultados.
Não nego que em minha cabeça e dos pacientes, navega a esperança, querendo o resultado, nos enganar para não enfrentar a dura realidade que dói, buscamos nos iludir. As coisas não saem como imaginamos, não controlamos a vida.
Agora, pense: ouvir que não há cura, não é pior do que descobrir a doença? Quem consegue administrar isso e focar na vida, em viver, sabendo que terá essa doença o acompanhando durante sua jornada?
Como viver? É possível, entendendo que, conforme estão nossos olhos e filtros, ainda conseguimos encontrar a vida. Isso altera nossa rotina. É algo que temos, que se torna parte de nossa rotina. Com a cabeça do passado, você não vive o presente nem o futuro.
Te despertou curiosidade, de como é a vida dessas pessoas? Reflita, se fosse você, o que você tem para encarar essa realidade? Uma jornada insana que pode ensinar muito.
Reconheça os seus pontos fortes e invista neles, é um excelente caminho para amenizar a dor e a realidade de tantas pessoas que estão nesta situação.
Graças à medicina e a gentileza de muitos que proporcionaram condições para enfrentar o processo em um hospital de alta qualidade e excelência em cuidado humano, eu digo que estou vivo em todas as esferas.
Vamos ajudar mais pessoas a sair desta? No final, sempre será a esperança de continuar, construir um futuro melhor. Isso é o que nos realiza e permite viver, curados para curar.
Venha contribuir com o INSTITUTO OLIVEIRA, cuidar é além da cura. Desfrutem do presente da vida que é VIVER.
Dr. Hugo Oliveira
O médico oncologista pediátrico Hugo Martins de Oliveira tem uma história inspiradora: quando menino teve linfoma, foi curado e hoje é médico e cuida de crianças com câncer. Ele fez residência em oncologia pediátrica 15 anos depois no mesmo hospital onde se tratou na infância: o Hospital Pequeno Príncipe, em Curitiba, no Paraná.
Hugo sempre sonhou em ser jogador de futebol, mas aos 14 anos descobriu a doença juntamente com um diagnóstico errado em que o médico disse que lhe restavam apenas três meses de vida. Parecia o fim, mas era apenas o seu começo. Durante o tratamento, Hugo decidiu que ia ser médico.
Instituto Oliveira
O Instituto Oliveira é uma organização sem fins lucrativos sediada na cidade de Joinville. O objetivo do lugar é proporcionar qualidade de vida às pessoas com câncer infantojuvenil. As ações desenvolvidas pelo instituto proporcionam o acolhimento e atendimento global a todos os membros da família do paciente portador da doença.
O instituto enfatiza o foco de desenvolvimento da saúde familiar de maneira integral, auxiliando em todos os processos relativos ao adoecimento, gerenciando os impactos psicossociais que afetam diretamente o psicológico da pessoa com câncer e de seus familiares. O trabalho do local é baseado em princípios e valores cristãos, seguindo sempre o modelo e exemplo de Jesus Cristo.
Texto por: Dr. Hugo Oliveira