O juiz da Vara do Crime Organizado da Grande Florianópolis, Elleston Lissandro Canali, decidiu que os ex-secretários Ed Pereira e Fábio Braga, além da servidora comissionada da Câmara de Vereadores, Samantha Brose, esposa de Ed, devem permanecer afastados do serviço público até o fim das investigações da Operação Presságio.
A operação, deflagrada em Florianópolis em janeiro de 2024, investiga crimes ambientais, corrupção e lavagem de dinheiro cometidos pelos envolvidos.
Nas primeiras ações, os policiais cumpriram 24 mandados de buscas e apreensões. As análises feitas em celulares, documentos e computadores apreendidos possibilitaram que os policiais acessassem as transcrições dos áudios e mensagens nos celulares dos investigados.
Em um dos áudios, Renê Raul Justino, ex-diretor de projetos da Fundação Franklin Cascaes, conversa com um interlocutor identificado como sendo de Ricardo Borges Bortoluzzi. Para a polícia, as falas deixam claro que as ações não visavam promover o esporte, mas sim desviar recursos públicos para interesses pessoais.
Veja a transcrição do áudio de Renê
Renê Justino: Cara, como é que é, o Ed ia precisar em torno de 60, 70 pau, tá ligado? Esse é o grande lance dele, isso limpo, né? Então qual era o grande lance do evento, fazer o evento entre 150 e 120, sacou? Porque daí o que acontece, ah vamos supor que é 150, tá ligado, 75 pra realização do evento,75 pro Ed.
O ex-secretário concorreu para vereador em 2020 e perdeu em Florianópolis.
Renê Justino: 75 da realização do evento, dá pra realizar o evento, pagar todo mundo e sobrar uma grana massa pra ti! 75 pro Ed, dá pra tirar R$ 7 mil, que é o 10% que perde, tá ligado e vim, cara vamos supor 70 pro Ed limpo, esses 70 pau pro Ed limpo, ele paga boa parte do que ele precisa, sabe? Porque ele tá pagando dívida de campanha né, ele vai pagar a gráfica, que era 20 pau da gráfica e vai jogar 50 pau pro cunhado dele, que ele deve 300 pau pro cunhado dele! [sic]
“Por favor, esse áudio não pode sair daqui.”
Para a Polícia Civil, “a conversa nos traz indícios sólidos de que apenas cerca de 50% do valor destinado para os eventos são realmente aplicados enquanto o restante vai parar nas contas bancárias dos investigados que integram uma verdadeira Organização Criminosa”.