A participação de produtos importados no consumo total de industrializados do Brasil atingiu níveis recordes nos últimos anos. Dados apurados junto à Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp) mostram um aumento de 15,4% em 2013 para 23,4% nos dois últimos anos, segundo reportagens publicadas pelo jornal O Estado de S. Paulo na última semana.
Na mesma linha, a Confederação Nacional da Indústria (CNI) indica que o percentual dos importados foi 25,9% em 2022, a maior participação em duas décadas. Em 2019, antes da pandemia, o índice estava em 23,4%
Especialistas ouvidos pelo jornal indicam que entre os fatores internos responsáveis por este aumento estão as distorções do sistema tributário atual, o alto custo de capital e as deficiências de infraestrutura.
No lado externo, é apontada a lenta recuperação do mercado interno chinês, que tem levado a um aumento no volume e uma redução nos preços dos produtos exportados pelos asiáticos.
Como exemplo, dados apurados pela Abicalçados mostram que o calçado chinês entrou no Brasil durante o ano passado a um preço médio, em dólares, 12% inferior ao valor de antes da pandemia.
Defesa comercial
Tal cenário, aponta o jornal, tem levado setores da indústria nacional a procurar medidas que preservem a concorrência. Desde o ano passado, 60 pedidos por medidas de defesa comercial chegaram à Secretaria de Comércio Exterior (Secex). Algum destes pedidos já deram resultado, como a volta do imposto sobre as importações de carros híbridos e elétricos e a aplicação de medidas compensatórias sobre chapas e folhas de alumínio importadas da China.
Outra demanda do setor produtivo, a tributação de importações abaixo de US$ 50, continua aguardando definição. Em atuação conjunta da CNI com a Confederação Nacional do Comércio (CNC) foi protocolada em janeiro uma ação direta de inconstitucionalidade da isenção junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).
Fonte: Fiesc