“Estou impressionada com a infraestrutura e o nível dos professores, eu não esperava tudo isso.” Foi essa a resposta da especialista em educação intercultural Anne Oertel, da Alemanha, ao ser questionada sobre como avalia a rede de ensino de Jaraguá do Sul. Desde segunda-feira, a profissional está visitando centros de educação infantil e escolas com o intuito de montar um diagnóstico e apontar sugestões para a melhoria do ensino na cidade.
O intercâmbio faz parte do projeto Professor Nota Mil, criado pela Acijs (Associação Empresarial de Jaraguá do Sul) e pela Secretaria da Educação e antecede a viagem de imersão de três professores da rede municipal de Jaraguá do Sul à Alemanha. Até a manhã de hoje, serão nove escolas visitadas, onde são promovidas a troca de experiências com dezenas de profissionais.
Para Anne, Jaraguá do Sul está no caminho certo para uma educação de qualidade, especialmente no que diz respeito à educação infantil. “Se compararmos com a Alemanha, acredito que esta parte de educação infantil já está na frente por aqui, porque o atendimento é muito abrangente. Vejo uma dedicação para a infância, com espaços bem adaptados, o que é muito bom”, analisa.
Os principais responsáveis para isso, na visão de Anne, são os próprios professores. “Admiro os professores daqui que conseguem atender em dois turnos, com turmas diferentes, e ainda fazer um bom trabalho, porque na Alemanha temos um turno único. Vi professores muito engajados”, elogia.
Por outro lado, ela aponta como o principal gargalo – não só em Jaraguá, mas em todo o país – a falta de valorização desses profissionais. “Quando não valorizo e não remunero bem um professor, os profissionais que se formam acabam não querendo mais trabalhar com isso”, diz ela.
Intercâmbio visa estimular a inovação
No início de março, Anne irá recepcionar três professores do município e o secretário de Educação, Elson Quil Cardoso, para um intercâmbio educacional na Alemanha. De acordo com o secretário, a viagem será uma oportunidade de buscar ideias que permitam aos docentes inovar e melhorar a qualidade do ensino. “A ideia não é copiar um modelo, mas buscar inspirações para fazer melhor. Essa troca de olhares, de experiência, é algo que não se consegue teoricamente, é preciso ver de perto o que está acontecendo”, acredita.
Na agenda estão inclusas visitas a escolas, participações em aulas, troca de informações com profissionais alemães e um curso de formação sobre qualidade do ensino. “Vamos olhar sob vários aspectos: como atuam, os métodos, a estrutura, a formação, a avaliação do ensino, tudo isso vivenciado por quem vivencia isso, que é o próprio professor”, conta Cardoso. Entre as metodologias que podem atrair os profissionais jaraguaenses está a prática de projetos interdisciplinares e o ensino primário com foco no atendimento individualizado, acredita Anne. “Os projetos com foco em várias disciplinas é uma prática importante que temos por lá. Já o trabalho individualizado busca trabalhar o ensino segundo a necessidade de cada aluno. Aqui já é feito isso com os alunos especiais, mas lá conseguimos abranger também para as salas de aula”, explica ela. “Para mudar, é importante ver o sistema de fora. Essa experiência é muito rica”, complementa.