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Psicopatia judicial – Claudio Prisco Paraíso

Por: Claudio Prisco Paraíso

27/01/2024 - 06:01

Vazou um despacho do ministro Alexandre de Moraes que é simplesmente lastimável em seu conteúdo. Deprimente.

A decisão está relacionada à morte de Cleriston Pereira, preso pelo 8 de janeiro e que saiu da Papuda em um caixão. Aos 46 anos, foi o primeiro perseguido e preso político que faleceu nos porões do regime que prega o amor e a democracia. Morte que tem por responsável maior esse cidadão que está no STF.

O próprio Ministério Público Federal pedia que Cleriston fosse liberado porque apresentava problemas sérios de saúde. Morreu no ano passado. Não se ouviu uma palavra sequer desse senhor, do suprema-sumo das supremas togas. O imperador do Brasil.

Nem um pio. Para agravar a situação, é assustador o posicionamento dele no que diz respeito à solicitação dos advogados da família de Cleriston Pereira, pedindo a devolução do celular do falecido.

O senhor Alexandre autorizou a devolução. De uma forma, contudo, que explicita sua desumanidade. O sujeito é absolutamente insensível.

 

Objeto

Disse que deferia a solicitação da defesa porque a liberação do celular “não interessava mais ao processo.” Entre aspas. Nenhuma referência ao desenlace que culminou com a morte de Cleriston Pereira. É algo inaceitável para um magistrado. Chegamos ao ponto de absoluta insustentabilidade neste país.

 

Urgente

Esse cidadão precisa ser interditado porque ele transita entre a loucura e a normalidade de maneira muito célere.

 

Antissocial

O colunista trocou impressões com um amigo médico, de mais de cinco décadas, que definiu o senhor Alexandre como um “psicopata.” Como alguém consegue ser frio a este ponto? É questão não mais de impeachment, e sim de interdição.

 

Hã?
Mas seus companheiros, colegas de STF, silenciam, mergulham, submergem e o Congresso segue acovardado.

 

Ensurdecedor

Se os nobres deputados, deputadas, senadores e senadoras já não falam de situações relacionadas à PF em pleno recesso fazendo busca e apreensão em gabinetes parlamentares, seria demais imaginar que os presidentes da Câmara e do Senado iriam se manifestar sobre um cidadão anônimo que já morreu e eles não chegaram a conhecer.

 

Escuridão

A cada dia a gente percebe que isso não vai terminar bem. Porque é um tijolinho em cima do outro. Tem tudo para desmoronar. É um castelo de cartas erigido sobre a areia. Esse povo ordeiro, pacato e pacífico, o brasileiro, em algum momento vai reagir.

 

Repeteco

Na quinta-feira, mais uma busca e apreensão contra outro parlamentar do PL vinculado a Jair Bolsonaro. Desta vez foi Alexandre Ramagem. O primeiro, semana passada, foi Carlos Jordy, alvo da Organização por cometer o crime de liderar a oposição na Câmara. Escancarou-se a perseguição contra quem não se curva ao regime.

 

Causídico

O senhor Alexandre de Moraes age como advogado do governo vermelho e do próprio presidente. O alvo da semana foi aquele que ele impediu que Bolsonaro nomeasse para o comando da Polícia Federal, ou seja, Alexandre Ramagem. O parlamentar é pré-candidato a prefeito do Rio de Janeiro. Já aparecia bem nas pesquisas para desbancar o alinhado Eduardo Paes.

 

Nada disso

Daí não pode, não dá. Se o político não for parte integrante ou apoiador da Organização, tem que degolar. Tudo muito democrática e ordeiramente, claro. Realmente o amor venceu e o Brasil – da corrupção, da mentira, do coronelismo, do autoritarismo – voltou. Parabéns a todos os envolvidos.

 

 

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