Ainda repercute, em todo o território nacional, a escandalosa convocação de Lula da Silva para o Ministério da Justiça e Segurança Pública, na figura de Ricardo Lewandowski. Nem vamos entrar em detalhes sobre sua trajetória, já está tudo muito rememorado e lembrado para quem defende um mínimo de correção no trato da vida pública.
Fizeram, contudo, não faz muito tempo, um cavalo-de-batalha porque Sérgio Moro assumiu a pasta no governo Bolsonaro – no que fez muito mal – mas ele não havia se manifestado sobre Bolsonaro em momento algum em seus julgamentos. Aliás, julgamentos esses respaldados por outros três desembargadores federais do TRF-4, em Porto Alegre; por cinco ministros do STJ e, vejam só, pelo próprio STF. O atual senador não julgou Bolsonaro. Lewandowski chegou em 2006 pelas mãos de Lula ao Supremo e fez de tudo para livrar a barra do ex-presidiário, concedendo habeas corpus e dando os mais variados despachos em favor daquele que o indicou e o nomeou depois da sabatina no Senado. Tudo absolutamente imparcial. Daí ninguém fala nada. Pelo contrário, um grande grupo de mídia segue fazendo a defesa de absurdos e desmandos do regime. O próprio Gilmar Mendes, o decano patético do Supremo, que foi combativo contra Moro, porque ele seria “parcial”, não disse uma palavra, não fez uma objeção à indicação de seu ex-colega de bancada para a pasta da Justiça, pelo contrário, formulou os maiores elogios.
À décima potência
Temos circunstâncias muito parecidas, no caso de Lewandowski, muito mais grave, daí vem o notório Gilmar e distensiona. Dependendo da pessoa ou da circunstância política, é um comportamento. Se for na outra direção, é cassete e dane-se a lei.
Abismo
O Brasil caminha para uma situação muito delicada. O que se observa nesse consórcio escandaloso, vergonho, é um conluio entre o Executivo e o Judiciário para pilotar o país.
Fraqueza
Como o Congresso se omite, estão tratando de atropelá-lo. Lula da Silva consegue maioria no Senado, mas não na Câmara. A saída encontrada pela deidade vermelha foi associar-se ao STF, onde ele tem maioria absoluta.
Antevisão
Certamente o consórcio já tenta se antecipar, raciocinando que, com o desgoverno que reina neste país e com o agravamento da situação econômica e pelas declarações espalhafatosas e sem o menor senso de realidade do atual inquilino do Palácio do Planalto – não só isso, os gastos desmedidos com viagens, compras do Palácio do Alvorada, o estouro da boiada – o pedido de impeachment será inapelável.
Calendário
Ali em meados do ano, o mercado financeiro, o grande empresariado da locomotiva brasileira, que é SP, todos alojados na Avenida Faria Lima, vão pressionar o Centrão para fazer com Lula o que fizeram com Dilma, a inepta.
Cegueira seletiva
Isso aí só não enxerga quem não quer. O Planalto já enxergou, especialmente o Daniel, aquele que ficou escondido no interior do Paraná durante o regime militar. Ou seja, o super Zé Dirceu. Ele mesmo que está por trás de tudo.
Picadeiro
Aquele circo, aquele teatro deplorável do 8 de janeiro; a indicação de Dino para o STF e a convocação de Lewandowski, todos esses movimentos – e tantos outros – têm as digitais de Zé Dirceu.
Nas sombras
Ele não aparece, mas no subterrâneo nojento, sujo, imundo, abjeto da prática política deste desgoverno, ali está ele, formulando, conspirando, armando tudo o que é possível. O Centrão, no começo do segundo semestre, vai abrir o processo de impeachment. Arthur Lira vai aceitar e dar andamento.
História e futuro
Em janeiro de 2025, o presidente da Câmara estará em seu último mês no cargo e muito provavelmente dará o desfecho esperado pelos investidores e os empresários.
Tudo “xunto”
Esse fechamento total e absoluto entre o Planalto e o STF é para que as supremas togas impeçam o andamento do pedido de impeachment na Câmara. A partir daí, não se espantem se tivermos uma conflagração no Brasil. Podemos nos preparar, leitores, porque esse ano de 2024 promete ser longo.