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Vídeo: Jovem da base do Vasco leva garrafada e é vítima de racismo após queda na Copinha

Foto: Reprodução

Por: Lucas Pavin

14/01/2024 - 14:01 - Atualizada em: 14/01/2024 - 14:36

Depois da derrota para o Vitória por 4 a 1 e eliminação na Copa São Paulo de Futebol Júnior, o capitão do Vasco, Lucas Eduardo, foi atingido por uma garrafa d’água enquanto concedia uma entrevista à beira do campo.

A equipe de reportagem do Sportv, que transmitiu o jogo, também foi atingida e a entrevista precisou ser interrompida.

Além da cena lamentável, o jogador cruzmaltino publicou uma carta neste domingo (14), em que relatou ter sido vítima de racismo ao ouvir gritos de “macaco” vindos da arquibancada.

Veja a carta completa:

“Por Lucas Eduardo,

O dia 13 de janeiro de 2024 tinha tudo para ser perfeito em minha mente: comemorava meu aniversário de 20 anos, estava em campo em jogo transmitido ao Brasil e ao mundo e com a braçadeira de capitão do Vasco da Gama. O cenário para uma vitória, que consagraria nossa classificação, era perfeito.

Como eu disse: tinha tudo para ser perfeito. Porém, a gente aprende a duras penas que a vida não é feita de caminhos perfeitos.

Neste 13 de janeiro de 2024, tive a derrota mais dolorosa da minha carreira em todos os cenários possíveis.

Por isso, quero começar esse texto me desculpando com os torcedores do Vasco. Sei o quanto essas derrotas afetam vocês e o quanto dói. Sou um jovem jogador em busca do meu sonho, jogando em um clube Gigante do nosso futebol e sei o quão honrado sou por estar aqui. Por isso, ser eliminado da maneira como fomos pelo Vitória, na Copa na São Paulo, me machuca muito.

Só que, infelizmente, não vim aqui apenas para mostrar minhas dores pelo que aconteceu no gramado.

Cada vez mais, esquecemos que futebol é alegria, é família e é a oportunidade de vivermos intensamente uma paixão por um time do coração. Para mim, como atleta, é o sonho e a mais real oportunidade de mudar a história e a trajetória da minha família.

Porém, esses valores, a cada dia, se perdem diante do cenário desumano e da falta de respeito.

Neste mesmo dia 13 de janeiro de 2024, no dia em que completei 20 anos e que tinha tudo para ser perfeito, eu senti vergonha, medo e decepção em estar presente neste cenário dos meus sonhos, que é o estádio de futebol.

Ao final da partida, alguns “torcedores” atiraram uma garrafa em mim enquanto dava uma entrevista para explicar nosso infeliz resultado. Ao mesmo tempo em que eu falava, ouvi também gritos como: “macaco”.

No dia que tinha tudo para ser perfeito, o respeito e a alegria perderam para a violência e o ódio. E desta vez aconteceu comigo.

Neste dia, foram gritos racistas e uma garrafa atirada em mim. Se isso já me assustou, eu fico a pensar: qual será a tragédia que irá acontecer amanhã para isso acabar?

Isso é inaceitável. O futebol não pode mais ser usado de desculpa para esses criminosos sentirem liberdade para cometerem suas intolerâncias. Até quando?

Por fim, faço questão de dizer: o Vasco é Gigante, com uma história linda de pioneirismo na luta pelo respeito. Para se dizer torcedor deste clube, é preciso entender esse valor. Acima de tudo, respeito a todos, independente de raça, opção e/ou religião.

O dia não foi perfeito. A cicatriz deste dia estará guardada em todos os dias da minha vida. E o sentimento que levarei a partir de hoje é: o sonho não acabou, a dor do presente será a conquista do amanhã.

Obrigado,
Lucas Eduardo
13 de janeiro de 2024
Guarulhos, SP, Brasil”

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Lucas Pavin

Jornalista esportivo, com a missão de informar tudo o que rola na região, seja na base, amador ou profissional.