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5 perguntas para Clemente, dos Inocentes, que toca em Joinville nesta sexta-feira

Por: OCP News Jaraguá do Sul

05/04/2018 - 08:04 - Atualizada em: 09/04/2018 - 09:02

Clemente não é “testemunha ocular dos fatos” – ele fez parte deles e foi um dos protagonistas da revolução punk que chegou ao Brasil no final dos anos 70. Para se ter uma ideia de seu pioneirismo, ele foi baixista da Restos de Nada, considerada a primeira banda punk do País. Mas foi ao criar os Inocentes, em 1981, que ele inscreveu definitivamente seu nome no rock nacional.
Sempre espumando raiva e contestação, a banda paulista foi do underground às grandes gravadoras e novamente a independência, deixando pelo caminho clássicos como “Miséria e Fome” (1983), “Pânico em SP” (1986) e o sensacional “Adeus Carne” (1987). Hoje, além de manter os Inocentes na trilha, Clemente toca na Plebe Rude, atua no rádio e no YouTube, onde apresenta o programa “Show Livre”.

Aproveitando a primeira passagem dos Inocentes por Joinville nesta sexta-feira (6), Orelhada fez cinco perguntas para Clemente. Ah, o show no Porão da Liga começa às 22h (com abertura da banda Fakemoney) e tem ingressos à venda no local, na Rock Total Discos e no site da Ticketcenter.

 

Qual será o repertório do show em Joinville? Você prepara algo especial pra cidades onde a banda nunca tocou antes?
Cara, cada ano tem um repertório. Vamos estrear o de 2018 em Joinville, mas não tem jeito, os clássicos têm que estar sempre presentes, senão não conseguimos nem descer do palco. Mas nas entrelinhas colocamos algumas coisas diferentes. Por exemplo, em Joinville vamos tocar uma música inédita, que ainda nem gravamos e só tocamos uma vez no pocket de lançamento da nossa cerveja. Vamos tocar uma música chamada “Escombros”, que faz uns 20 anos que não tocamos e foi gravada pela banda alemã Rasta Knast. Mas tudo depende do público. Se é um público aberto, a fim de ouvir a banda e não só interessado em ouvir os hits, nós vamos ficando no palco. (risos)

Quando alguém fala com você sobre punk no Brasil, o que tem vem a cabeça?
Me vem uma garotada com atitude, lutando contra tudo e contra todos pra fazer um som honesto e com conteúdo, sem se importar com mercado e essas coisas todas. O punk no Brasil nasceu assim, hoje não mudou muito, as dificuldades são as mesmas. O que ficou mais fácil é gravar. Todo mundo consegue produzir um álbum e isso é bom, pois mais bandas registram seus trabalhos.

Parece que pouca coisa mudou no País desde que saiu o “Adeus, Carne”, que completou 30 anos em 2017…
Mas a sociedade brasileira continua a mesma, a divisão de poderes no Brasil continua a mesma, não tivemos mudanças sociais profundas, não se tem interesse nisso, portanto o resultado é sempre o mesmo, acabam dando um jeito de intervir. Quem controla a informação, controla o poder, isso não mudou e não dá sinais de mudança. Nos Estados Unidos conseguiram eleger o Trump. Não é um problema do Brasil, isso é mundial.

Você acha que o desinteresse crescente das novas gerações pelo rock deu uma freada nas músicas de protesto? Ao menos no Brasil?
Eu não acho que músicas de protesto por si só sejam indicação de que a música é boa. Independente de ser de protesto ou não, a música tem que ter uma boa poesia, harmonia, ser bem interpretada. Eu vejo várias bandas que fazem música de protesto mas são muito ruins, a poesia é óbvia e pobre. O Inocentes faz música de tudo que é jeito, de protesto, existencialista, social, sentimental e por aí vai. Tem vezes que você não precisa dizer o que a molecada já sabe e sente na carne, tem que falar de uma maneira sútil. O rock perdeu espaço por que ficou chato, cheio de regras. Agora tem que competir com os shows internacionais, que estão vindo às pencas pro Brasil e roqueiro é paga-pau, paga “milão” pra ver o Foo Fighters mas reclama de tirar “50então” do bolso pra ver uma banda nacional. Não se tem mais a cultura de ver bandas novas, as casas só tem bandas covers e o público adora. Se não tivessem interesse por rock, não teríamos tantos shows internacionais lotados. E sem falar que o rock que agrada a molecada não é considerado rock pelos mais velhos, bandas como o Rancore ou Supercombo. Ou seja, temos várias variantes, sem falar que existem poucos espaços na mídia. Mas sempre foi assim, a coisa é cíclica.

Você recebe muitas bandas novas no “Show Livre”. Te anima essa cena? Ela faz você sair de casa pra assistir a shows?
Recebo várias bandas “novatas”, tem muita coisa legal: Jonnata Doll e os Garotos Solventes, The Baggios, Señores, Water Rats, Huey, Faca Preta, Armada, Excluídos, Subalternos, Metranka… Sei lá, tem um monte de banda bacana, mas os espaços para shows diminuíram muito. Sem falar nas bandas que estão bombando, como o Far From Alaska. Se você é interessado na cena e é a fim de ver coisas novas, sempre tem alguma coisa acontecendo. E eu prefiro sair pra fazer shows e dividir o palco com essas bandas (risos).

 

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OCP News Jaraguá do Sul

Publicação da Rede OCP de Comunicação