Foi encontrada uma nova espécie de anfíbio no Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, na Grande Florianópolis. O local é a maior unidade de conservação de SC. De acordo com o informou o Instituto do Meio Ambiente de Santa Catarina (IMA), o pingo-de-ouro-do-tabuleiro (Brachycephalus tabuleiro), como foi chamado, possui entre 1 cm e 1,3 cm e é considerado microendêmico dos topos das montanhas da Serra do Tabuleiro, pois não ocorre em nenhum outro local do planeta.
A descrição da nova espécie foi possível por conta do trabalho de sete cientista do Brasil, que foi publicado na revista científica “Vertebrate Zoology” em 14 de julho. A pesquisa foi liderada pela bióloga Sarah Mâgia.
“Foi com muita paciência que, após muitas horas vasculhando a serapilheira no meio da Mata Atlântica, encontramos o primeiro indivíduo dono daquele som que nos chamou a atenção. Vibramos de alegria ao perceber que poderíamos estar diante de uma novidade científica”, conta Mângia.
Foto: Diego José Santana
O IMA informou que o animal vive somente entre as folhas caídas no meio das florestas úmidas acima de 800 metros de altitude.
Segundo a bióloga, a confirmação da nova especie veio depois de análise de DNA, morfologia externa, morfologia óssea e bioacústica, além de “comparações com as outras espécies de Brachycephalus já conhecidas”.
O gênero Brachycephalus é restrito à Mata Atlântica, ocorrendo desde a Bahia até Santa Catarina. Caracterizado por abrigar sapos extremamente pequenos, estes são considerados alguns dos menores vertebrados do planeta.
O gênero em SC
Em relação à presença do gênero em Santa Catarina, o biólogo Marcos Maes, coordenador do Parque Estadual da Serra do Tabuleiro e membro do IMA (Instituto do Meio Ambiente), enfatiza a notável “história evolutiva” que o caracteriza. Nesse estado, especificamente, foram identificadas oito espécies desse gênero, incluindo uma nova descoberta recente.
“Ele existia em toda essa região, e conforme o clima começou a esquentar, e começou também o processo de formação de montanhas, ele [o gênero] acabou ficando restrito a esses morros”, explica.
As espécies do Brachycephalus vivem em ambientes de temperatura amena e clima úmido, tendo se isolado nas montanhas do estado catarinense.
“Quando as espécies ficam isoladas em pequenos grupos, é o principal processo que existe para formação de novas espécies. Então, é por isso que há tantas espécies [na região]”, explica.
O parque
Essa descoberta demonstra a relevância das áreas protegidas para a conservação da biodiversidade. O Parque Estadual da Serra do Tabuleiro, a maior unidade de conservação de proteção integral de Santa Catarina, com uma extensão de 84.130 hectares, é administrado pelo governo estadual, por meio do IMA, em cogestão com o Instituto Çarakura. Além das espécies do gênero Brachycephalus, o parque também abriga outras espécies únicas, como a Commelina catharinensis e o Cavia intermedia.
Foto: Diego José Santana
“Essa descoberta evidência novamente a posição do Tabuleiro como limite de distribuição ao Sul de diversas espécies e grupos. Isso ratifica ainda mais a efetividade do Tabuleiro na proteção da biodiversidade e o marca como uma das mais importantes unidades de conservação”, comenta.
