Iniciamos uma nova semana literalmente de ressaca moral. Essa é a triste realidade deste país. O que acompanhamos na última quinta-feira, em Brasília, com desfecho já no início da madrugada de sexta, é algo que podemos qualificar como uma excrescência.
Abre parêntesis. Não faço referência aqui ao tema reforma tributária, que é mais do que necessária. Fecha parêntesis. A patifaria comeu solta, contudo, no texto aprovado pelos deputados.
Mudanças no sistema de recolhimento de tributos tupiniquim são reivindicadas por setores consideráveis da sociedade há muito tempo. Mas estaríamos tratando dessa reforma com a seriedade que ela merece desde que a discussão fosse antecedida por uma equalização, uma redefinição do pacto federativo. Esta é indispensável.Nossa federação é bem meia-boca se comparada com a norte-americana, por exemplo. Será que ainda seremos uma nação federada com essa reforma que deixa estados e municípios ainda mais reféns da concentração de recursos e poder em Brasília?
Slogan
O que estamos vendo agora é ainda mais Brasília e menos Brasil. Isso precisa ficar muito claro. Os jabutis estão embutidos de várias formas no texto. Aliás, é uma verdadeira coleção de jabutis. Poucas vezes vista antes na história.
Faz de conta
O que mais chama atenção, contudo, é evidentemente esse conselho federativo a ser integrado pelos vinte e sete governadores e por vinte e seis dos mais de cinco mil e quinhentos prefeitos!
Tcham, tcham, tcham
Alcaides, aliás, que foram pegos de surpresa por Arthur Lira. O presidente da Câmara não mais do que de repente chegou em Brasília no fim de semana que passou e fez a articulação.
Para tudo
Derrubou praticamente tudo, como CPI’s, reuniões, audiências públicas, e até rodadas de sessões ordinárias em comissões permanentes da Câmara. Parou a Casa para aprovação de projeto que fere o Brasil real de morte.
Chantagem
Lira acabou tendo que ceder ao jogo do sujo do governo, que usou novamente a Polícia Federal, acionada pelo patético Flávio Dino, para atacar o líder do centrão.
Paredão
Ameaçado, o alagoano teve que entrar na dança desse projeto autoritário, que caminha a passos largos para enterrar de vez a democracia brasileira.
Refém
O deputado foi obrigado a ceder e a negociar com Lula da Silva. Registre-se que a tal reforma não foi sequer lida por 80% dos deputados.
Haja estômago
Mais goela-baixo do que isso não existe. Foi uma verdadeira festa, o toma lá dá cá correu solto e o rolo compressor acionado por Lira passou por cima da Câmara dos Deputados. Simples assim.
Figuração
A Câmara apenas aprovou o que foi acertado fora da Câmara. Por Lula e Lira e associados. Que bela democracia estamos vivendo, não é mesmo?
Na contramão
Santa Catarina está de parabéns. O governador Jorginho Mello não se curvou ao Palácio do Planalto. Assim como 11 federais catarinenses.
Vergonha
Ao contrário da posição vergonhosa de outros mandatários estaduais que se dizem de direita. A começar por Tarcísio de Freitas (SP), seguido por Romeu Zema (MG), Ratinho Júnior (PR) e Cláudio Castro (RJ).