O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), e a Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PCRS) desencadearam nesta quarta-feira a segunda fase da Operação Opulência.
O objetivo da ofensiva, que contou com apoio da Brigada Militar, Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), Receita Estadual, Polícia Civil do Rio de Janeiro e Gaeco/MPRJ, é desarticular uma organização criminosa responsável pela prática de crimes de extorsão, formação de cartel, ocultação de bens e agiotagem em Rio Grande.
Foram cumpridos 107 mandados judiciais no Rio Grande do Sul, em Criciúma e no Rio de Janeiro. Seis pessoas foram presas, entre elas, dois policiais militares que faziam a segurança da organização criminosa.
Além disso, foram apreendidos R$ 254.630,00 em espécie, munições, celulares e documentos. A operação contou com 370 agentes, sendo 30 do MPRS, 225 da Polícia Civil, 60 da Brigada Militar, 50 da Susepe e cinco auditores fiscais da Receita Estadual.
A maior parte dos mandados foram cumpridos em Rio Grande, onde estiveram o subprocurador-geral de Justiça para Assuntos Institucionais, Luciano Vaccaro, e o coordenador do Centro de Apoio Operacional do Júri, Marcelo Tubino, ambos do MPRS.
Entre os 43 mandados de busca e apreensão, dois foram na residência e na revenda de gás que pertencem a membro de organização criminosa dedicada ao tráfico de drogas e que domina o comércio de botijões de gás na cidade. As investigações, que começaram há 1 ano e 3 meses, apontam que pequenos comerciantes de gás estavam sendo intimidados para comprarem o produto da facção e praticarem preços tabelados sob pena de terem seus veículos depredados e suas vidas ameaçadas. Pequenos comerciantes, inclusive, abandonaram seus comércios por medo.
Vaccaro abriu a coletiva de imprensa prestando solidariedade à policial civil que foi gravemente ferida na cabeça durante operação policial realizada em abril de 2022. O subprocurador-geral Institucional disse que o MPRS está empenhado em reverter a decisão da Justiça de Rio Grande, que desclassificou a denúncia e decidiu pela soltura do atirador.
Sobre a operação, destacou que o crime organizado em Rio Grande é um tema muito debatido no Programa RS Seguro do governo do Estado.
“Rio Grande tem chamado atenção pelo domínio de facções, do crime organizado. Então essa operação vem em boa hora mostrando o aparato e a força do Estado para, justamente, buscar o arrefecimento dessa forma de criminalidade. Estamos mostrando para sociedade e, principalmente, para esse cartel do gás, que estamos atentos e agindo contra isso”, disse.
Conforme o coordenador do Gaeco, André Luis Dal Molin Flores, e o promotor de Justiça do Gaeco – Núcleo Região Sul, Rogério Meirelles Caldas, que coordenaram a operação em conjunto com a Polícia Civil gaúcha, a organização criminosa apresentava alto nível hierárquico, com clara divisão de tarefas, e contava com o emprego de armas de fogo e agentes de segurança pública realizando a segurança pessoal de seus membros.
Dal Molin explicou que o Gaeco tem cada vez mais se preocupado com as ações ilícitas de organizações criminosas, focando no combate à lavagem de dinheiro e na recuperação de ativos financeiros.
“Esta operação, parceria do Ministério Público com a Polícia Civil e apoio da Brigada Militar, Susepe, Receita Estadual, PCRJ e Gaeco/MPRJ, é exemplo da intensificação de medidas concatenadas para coibir eficazmente os crimes praticados pela organização criminosa que agia na cidade de Rio Grande, formando um cartel do gás com significativo prejuízo econômico à comunidade local”, afirmou.
Rogério Meirelles Caldas destacou que a formação de um cartel permitia que a organização vendesse cada botijão de gás, em média, R$ 30 além da margem de lucro. Com isso, em um único mês (fevereiro de 2022), conforme a própria contabilidade do grupo, o cartel fez com que o sobrepreço rendesse quase R$ 500 mil para a organização.
“Quem estava sendo penalizada era a sociedade de Rio Grande, sobretudo os mais pobres. O crime organizado suga e destrói uma comunidade inteira, utilizando um bem de consumo indispensável à sobrevivência para financiar o crime e seus luxos”, comentou. Também atuam na ofensiva os promotores de Justiça João Afonso Silva Beltrame e Flávio Eduardo de Lima Passos.