Nos últimos dias, ao menos quatro pessoas no estado de São Paulo morreram em decorrência da febre maculosa, doença provocada pela bactéria Rickettsia rickettsii.
Transmitida por alguns tipos de carrapatos, os casos da doença dispararam alertas após a pandemia de Covid-19, mas com transmissão mais limitada, não deve provocar tanto temor quanto o coronavírus – mas ainda exige cuidado.
A doença é comum na região Sudeste do país e no norte do Paraná. No momento, os pontos mais afetados pelo carrapato-estrela contaminado são a macrorregião de Campinas e Piracicaba, incluindo locais como Jundiaí e Mogi Mirim.
O tratamento deve ser imediato, mas apenas quem tem sintomas e visitou locais de infecção deve procurar atendimento médico.
A febre maculosa desencadeia uma síndrome hemorrágica grave e a letalidade é alta, chega a 50% dos casos. A pessoa não deve esperar resultados de exames para tratar.
Em Santa Catarina, a doença tem quadros mais leves.
O estado registrou 41 casos de febre maculosa em 2022. Neste ano, até agora, já são 18 casos confirmados. “É importante destacar que Santa Catarina não tem registro de óbitos por febre maculosa, justamente porque a bactéria encontrada no estado é a que produz quadros menos graves. Mas é preciso estar atento à prevenção e aos sintomas da doença”, destaca Ivânia Folster, gerente de zoonoses da Diretoria de Vigilância Epidemiológica de SC (DIVE/SC).
“Os sintomas podem aparecer entre o segundo e o 14º dia de exposição. É sempre importante procurar por atendimento médico ao apresentar sinais e sintomas. O médico vai fazer a avaliação, investigando se a pessoa mora e/ou esteve em local de mata, floresta, fazendas, trilhas ecológicas e se ela pode ter sido picada por um carrapato. Além disso, são realizados exames para confirmar o diagnóstico”, explica Ivânia.
Motivos para se preocupar?
Quem visitou ou planeje ir para áreas conhecidas por abrigar carrapatos transmissores da doença deve prestar atenção em sinais de risco e informar o médico para que possa ser feito o tratamento adequado.
Isso porque o quadro inicial da doença pode ser confundido com dengue ou com uma gripe mais forte, ou outros quadros virais que causam febre.
Os principais carrapatos que transmitem a febre maculosa no Brasil são Amblyomma cajennense (carrapato-estrela), Amblyomma cooperi (dubitatum) e Amblyomma aureolatum (carrapato amarelo do cão). A fase de transmissão mais acentuada ocorre em sua fase larval, que acontece entre o outono e a primavera.
No interior de São Paulo, a doença está mais associada ao carrapato-estrela que, vive em áreas de mata e beira de rios. Apenas os carrapatos infectados pela bactéria tem capacidade de transmissão.
Como o carrapato é parasita de animais silvestres e domésticos, o problema pode ocorrer tanto em zona rural como urbana, além de se espalhar à medida que a espécie sem a bactéria picam animais infectados.
Como prevenir?
Quem estiver em zonas verdes (urbanas ou rurais) que contenham animais silvestres, como capivaras, ou domésticos, como cavalo e cachorro, deve usar repelente de insetos. O produto ajuda a repelir o carrapato.
Também é importante manter o corpo coberto, com meias por cima da calça, por exemplo, e aplicar repelente na pele e na roupa. É importante ficar de olho nos animais de estimação após viagens para áreas de risco, pois cães podem transportar o carrapato em viagens de família.
O carrapato também pode parasitar aves, então é importante cuidar após o contato com elas.
Sintomas e tratamento
O tratamento é feito com antibióticos como tetraciclina e cloranfenicol. Ele deve ser procurado assim que ocorrerem manifestação dos sintomas, normalmente entre o 7º e o 14º dia após a picada.
O quadro inclui febre alta, dor no corpo, forte dor de cabeça, mal-estar, manchas avermelhadas pelo corpo e manchas roxas.
O agravamento ocorre em torno do quarto ou quinto dia. A doença pode ser letal em todos os grupos de idade, sem uma faixa específica que seja mais vulnerável.