Futebol é a grande religião do século. 30% das pessoas no mundo declaram se cristãos; 20% muçulmanas. Mas devoção ao futebol ultrapassa a todos os credos, raças, línguas. As Olimpíadas nos colocaram na vitrine, expondo o que tomos de bom e o que temos de ruim. Como em nenhum outro evento tão popular na história humana, canais de televisão levaram as imagens a 208 países. Mas foi para a disputa da medalha de ouro no futebol masculino para onde as câmeras mais ficaram apontadas. Diferentes jornais de diferentes cantos do globo comentaram a respeito da conquista brasileira. Mas por que as pessoas gastam mais do seu tempo assistindo ou jogando futebol do que qualquer outra atividade social? Com a possível exceção de comer e beber. Uma das razões: o futebol é extremamente acessível. Você pode jogar em qualquer lugar: na grama, no cimento, na poeira, na laje de pedra, ou até mesmo dentro de casa – nem precisa ser um lugar vazio.
Na Amazônia o campeonato mais badalado é disputado na lama deixada pela baixa dos rios. A regra básica é simples. E você não precisa de nenhum taco, raquete e capacete para jogar. Basta qualquer coisa que proporcione formas arredondadas. Pode ser algo manufaturado, algum brinquedo velho que se entende estar apto a receber chutes, meias colocadas umas dentro das outras, sacos plásticos atados com fita adesivas ou até mesmo a bexiga urinária do porco – atração minha e de meus primos quando nossos avós matavam o porco que mantinham no fundo do quintal compartilhado com o vizinho. No futebol de lama da Amazônia, a bola é feita artesanalmente com a borracha extraída das seringueira pelos próprios jogadores.
O futebol é democrático e igualitário entre os esportes. Não importa se você é alto ou baixinho, não importa a cor da pele, se você é um alemão cor-de-rosa ou um negão azulado. Também não importa se você é um crente seguidor da Igreja Aleluia ou um muçulmano convertido.
A América do Sul é um continente exportador de futebol. Somos contagiados pelas emoções que esse esporte proporciona. Na Argentina o fanatismo pelo futebol parece religião. Na Europa futebol é um estilo de vida. Na China gostar de futebol é demonstrar que você está ocidentalizado, – voltado para o progresso de acordo com o pensamento chines popular atual. Até os monges budistas das montanhas mais remotas não conseguem manter a mente nos estudos enquanto a bola rola numa Copa do Mundo. Fato mostrado no filme A Copa, um produzido no Butão, país que é sinônimo de budismo. O filme lança um olhar humano e divertido sobre jovens monges que quebram todas as regras para assistir a uma partida de futebol, principalmente, a final da Copa de 1998, entre Brasil e França.