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Internet, a culpada pela intolerância generalizada

Foto: Pixabay

Por: Raphael Rocha Lopes

18/04/2023 - 14:04 - Atualizada em: 18/04/2023 - 15:14

 

“O quase tudo quase sempre é quase nada/ E nada nos protege de uma vida sem sentido/ Um dia super/ Uma noite super/ Uma vida superficial/ Entre as sombras/ Entre as sobras/ Da nossa escassez” (Muros e grades, Engenheiros do Hawaii)

Todos que generalizam estão errados. Ou, todas as generalizações estão equivocadas.

De todo modo, a internet é, indiscutivelmente, a grande culpada pela intolerância generalizada. E vejam que nem quero falar de política, pois, políticos são todos flores que não se cheira. O fato que é, com a popularização da internet, muita coisa mudou. Genericamente para pior, claro!

OS BUFANTES IMPACIENTES

E vejam que nem quero falar dos bazófios, pois são todos presunçosos. Refiro-me àqueles que bufam por qualquer coisa mesmo. Façamos algumas pequenas comparações.

O pessoal da minha geração para trás não tinha ar-condicionado nas salas de aula. Normalmente nem em casa, salvo algumas raras exceções. Estudei nos três graus com, no máximo, ventiladores de teto. Atualmente adolescentes e jovens fazem tipos se passam um calorzinho de nada. Alguns chegam a justificar que a temperatura média aumentou entre a nossa época de adolescentes e a atual. Se tivesse aumentado tanto assim, estaríamos submersos a uns cem quilômetros do que ainda é praia hoje.

Caso caminhem duas quadras com um pouco de calor, chegam nos locais bufando e olhando para os ares-condicionados, especialmente se estiverem desligados. Mas bufadas de boi mesmo, nada de bufadinhas discretas.

Não só isso. Hoje os jovens e adolescentes pulam infinitamente de música em seus aplicativos, escutando quase nenhuma completa. E vejam que nem quero falar daqueles que nos forçam a escutar suas músicas boas ou ruins em lugares públicos.

No nosso tempo cringe, os discos de vinil e as fitas cassete não permitiam tal excentricidade. Atualmente reclamam até se tiver publicidade entre as músicas. Eles que não sabem o que era escutar rádio e assistir televisão com intervalos publicitários de todos os tamanhos. Não é a toa que o Brasil já ganhou diversos Leões de Ouro e de Prata!

Hoje, além dos aplicativos de música, as plataformas de vídeo de streaming contribuíram para esta distorção do tempo. E não me venham dizer que publicidade era perda de tempo, contornável hoje. Conheço muita gente que perde mais tempo escolhendo algo para assistir nestas plataformas do que assistindo propriamente dito.

A INTERNET ZUMBIZANTE

Essa vida de pressa, de não perder tempo, de impaciência e de intolerância, no final das contas, é culpa da internet. Estamos formando jovens intolerantes ao calor, intolerantes ao tempo, intolerantes à fome (gente que fica irritada porque está com “fome” porque pulou um almoço ou um lanche da tarde é um acinte a quem realmente está com Fome), intolerantes ao silêncio, e, consequentemente, intolerantes à inteligência alheia. E, desta última intolerância, nascem aquelas sobre as quais não quero tratar neste texto, para não generalizar.

A internet está zumbizando nossos jovens e muitos de nossos adultos e anciões já foram contaminados também. De uma forma ou de outra, estão todos esses sob os domínios da longa manus do Grande Irmão. Entre muros e grades e superficiais, como a música lá do início. E todos cada vez mais intolerantes. Sem generalizar, claro!

Imagem: Pixabay

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Raphael Rocha Lopes

Advogado, autor, professor e palestrante focado na transformação digital da sociedade. Especializado em Direito Civil e atuante no Direito Digital e Empresarial, Raphael Rocha Lopes versa sobre as consequências da transformação digital no comportamento da sociedade e no direito digital. É professor da Faculdade de Direito do Centro Universitário Católica Santa Catarina e membro da Associação Brasileira de Lawtechs e Legaltechs.