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Santa Catarina tem aumento real de 0,6% na arrecadação de março de 2023

Foto: José Cruz/Agência Brasil

Por: Pedro Leal

05/04/2023 - 13:04 - Atualizada em: 05/04/2023 - 13:34

Santa Catarina arrecadou R$ 3,6 bilhões entre 1º e 31 de março de 2023. O desempenho corresponde a crescimento nominal de 6% na comparação com março de 2022. Considerando a inflação acumulada de 5,4% (IPCA), houve crescimento real de 0,6% na receita neste último mês. Trata-se do primeiro saldo positivo deste ano em relação à arrecadação — em janeiro e fevereiro houve queda real de 4,4%.

A reação pode ser compreendida pela redução das perdas com a arrecadação da energia elétrica em virtude do aumento do consumo no último mês de fevereiro — o calor acima da média impulsionou a demanda. Houve recuperação também no setor de supermercados (alta de 14%). “Apesar da discreta melhora, os números confirmam nossas projeções: esperamos crescer entre 4% a 5% ao longo do ano, especialmente no segundo semestre”, avalia o secretário Cleverson Siewert.

Recém-lançado pelo Governo do Estado, o Plano de Ajuste Fiscal de Santa Catarina – Pafisc definiu uma série de medidas imediatas, de médio e de longo prazo, para que SC possa garantir os R$ 2,8 bilhões extras que o Poder Executivo precisa para honrar compromissos assumidos em anos anteriores e cumprir a previsão orçamentária de 2023.

Impostos

Em março, o Estado arrecadou R$ 2,8 bilhões em ICMS, o que representa uma perda real de 1,2% na receita do imposto na comparação com março do ano passado. O resultado mostra que, a exemplo de outros estados, Santa Catarina ainda sente os impactos da Lei Complementar 194/2022 (Governo Federal), que reduziu a alíquota de ICMS dos combustíveis, energia elétrica e telecomunicações de 25% para 17% em julho de 2022.

O secretário Cleverson Siewert explica que Santa Catarina vem trabalhando para buscar as compensações previstas no artigo 3º da Lei Complementar 194/22, que em julho do ano passado reduziu as alíquotas de ICMS dos combustíveis, energia elétrica, telecomunicações e transporte de 25% para 17% – a alíquota para os transportes já estava fixada em 17% em SC e a medida não impactou a arrecadação do setor. O Estado deve ter direito a cerca de R$ 1,2 bilhão de abatimento nas parcelas da dívida pública. O acordo entre o Governo Federal e os estados, anunciado pelo Ministério da Fazenda no início de março, prevê a compensação de R$ 26,9 bilhões até 2025. Os detalhes da compensação ainda serão homologados pelo Supremo Tribunal Federal. A expectativa é compensar 25% do valor em 2023, 50% em 2024 e 25% em 2025.

Em março, SC também recebeu quase 10% a menos em transferências tributárias da União relativas ao Fundo de Participação dos Estados (FPE) e ao Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI Exportações). Os números das transferências não-tributárias, como por exemplo os repasses federais vinculados ao SUS, estarão disponíveis a partir do dia 12 de abril.

Positivo

O último mês de março teve resultados mais expressivos na agroindústria (crescimento nominal de 38,5%), na indústria metalmecânica (26% de aumento nominal) e no segmento de medicamentos (alta nominal de 23% na arrecadação do setor). A arrecadação estadual com o IPVA também cresceu em março: alta de 16% (crescimento nominal).

Balanço do trimestre

Santa Catarina arrecadou R$ 11 bilhões entre janeiro e março de 2023. Considerando a inflação, houve queda real de 2,3% no período. A análise dos números de janeiro, fevereiro e março não considera o impacto dos decretos do final de 2021 que postergaram o recolhimento de ICMS dos combustíveis e da energia elétrica para o início de 2022. “Se fosse considerado o desempenho da arrecadação com a postergação dos impostos nos três meses, a queda seria de 9,6% na arrecadação tributária do trimestre”, explica o diretor de Administração Tributária da SEF/SC, auditor fiscal Dilson Takeyama.

No primeiro trimestre, a arrecadação com o ICMS somou R$ 8,5 bilhões. O valor representa uma perda de 4,7% na comparação com os primeiros três meses de 2022 (a conta já desconsidera as postergações).

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Pedro Leal

Analista de mercado e mestre em jornalismo (universidades de Swansea, País de Gales, e Aarhus, Dinamarca).