Em momento inédito na história dos EUA, o ex-presidente Donald Trump deve se apresentar nesta terça-feira (4) a um tribunal de Manhattan, Nova York. Esta é a primeira vez em que um ex-presidente dos EUA senta no banco dos Réus.
As informações são da CNN e da Reuters.
A audiência deve começar às 15h15, no horário de Brasília, e a previsão é de que dure pouco mais de uma hora.
Autoridades envolvidas no processo tentam fazer com que a operação envolvendo o ex-presidente seja o mais discreta possível.
A acusação diz respeito a um suposto esquema de pagamento de suborno e encobrimento envolvendo a estrela de cinema adulto Stormy Daniels durante a campanha eleitoral à Presidência de 2016.
À frente do julgamento estará o juiz interino da Suprema Corte de Nova York, Juan Merchan, que já sentenciou o confidente de Trump, Allen Weisselberg, à prisão, presidiu o julgamento de fraude fiscal da Organização Trump e supervisionou o caso de fraude criminal do ex-conselheiro Steve Bannon.
O que diz a defesa
Nesta segunda, a equipe jurídica de Trump deu uma prévia de sua estratégia de defesa.
Em entrevista ao programa “State of the Union”, da CNN, o advogado de Trump, Joe Tacopina, disse que a equipe do ex-presidente declararia em alto e bom som que ele não é culpado e sinalizou uma tentativa de tentar impedir que o caso chegasse a julgamento.
Tacopina alega que o ex-presidente estava recebendo um tratamento pior do que um cidadão comum por causa de sua fama e aspirações políticas.
O advogado também sinalizou um esforço para minar a credibilidade do ex-advogado de Trump, Michael Cohen, que fez um pagamento de US$ 130 mil a Daniels e foi preso sob acusações de mentir para o Congresso, mas que pode ser uma testemunha central em qualquer julgamento de Trump.
“Michael Cohen é um mentiroso patológico condenado. Ele mentiu para os bancos, o IRS, o Congresso”, disse Tacopina.
Serviço Secreto
O Serviço Secreto dos EUA deve acompanhar Trump no início da tarde ao escritório do promotor distrital, que fica no mesmo prédio do tribunal. Ele será autuado pelos investigadores, o que inclui tirar suas impressões digitais.
A expectativa é que Trump responda ao julgamento em liberdade e não seja algemado. Depois de ser indiciado, Trump deverá ser liberado sob o pagamento de fiança.
Após a audiência, ele deve levado pelos corredores do fundo do prédio até o escritório do promotor distrital, de volta para onde sua comitiva estará o esperando.
Em seguida, seguirá para o aeroporto para voltar a Mar-a-Lago, na Flórida, onde realizará um pronunciamento.
Prefeito de Nova York pede que apoiadores de Trump “se comportem”
O prefeito de Nova York, Eric Adams, dirigiu-se diretamente aos apoiadores de Donald Trump na segunda-feira dizendo que as autoridades da cidade não hesitariam em prender e indiciar qualquer um que infringir a lei em protesto contra o julgamento do ex-presidente.
“Embora não tenhamos ameaças específicas, pessoas como Marjorie Taylor Greene [deputada do estado da Geórgia] –conhecida por espalhar desinformação e discurso de ódio– afirmaram que estão vindo para a cidade. Enquanto estiver na cidade, comporte-se da melhor maneira possível”, advertiu o prefeito democrata.
Ainda de acordo com o prefeito, o Departamento de Polícia não recebeu nenhuma ameaça sobre o indiciamento, mas aumentaria a segurança no transporte público e a presença policial em torno do tribunal.
Também anunciou que estradas seriam fechadas em torno da cidade. Um funcionário do tribunal alegou que os andares superiores do tribunal serão fechados pouco antes da audiência de Trump.
Cobertura limitada
Jornais, sites de notícias e canais de televisão não terão permissão para transmitir a audiência. A decisão foi tomada pelo juiz da Suprema Corte de Nova York, Juan Merchan, nesta segunda-feira.
Ele rejeitou um pedido de várias organizações de mídia, incluindo a CNN, para permissão para transmitir o momento histórico.
Ao rejeitar o pedido de transmissão da acusação, Merchan, no entanto, escreveu sobre o significado histórico do processo em termos rígidos.
“Que esta acusação envolve uma questão de importância monumental não pode ser contestada. Nunca na história dos Estados Unidos um presidente em exercício ou ex-presidente foi indiciado por acusações criminais. A acusação do Sr. Trump gerou interesse público e atenção da mídia sem paralelo. A população, com razão, anseia pelas informações mais precisas e atuais disponíveis. Sugerir o contrário seria hipócrita”.