Em homenagem aos 97 anos do jornal O Correio do Povo, fui atrás das principais tendências de moda entre a década de 20. Pois bem, naquela época, os vestidos eram práticos e simples, sem saiotes imensos, compridos com ou caudas, véus de rendas ou mantilha. Artesanais, passavam de mãe para filha. A década de 20 é uma das mais lindas e encantadoras de todas. Ao final da década de 1910, as mulheres já não eram mais as mesmas. Depois da Primeira Guerra Mundial, os papéis mudaram e elas passaram a fazer realmente parte do quadro de trabalhadores de fábricas e indústrias, algo que era apenas uma área restrita aos homens. Com isso, o mundo feminino sofreu inúmeras mudanças na moda, como era de se esperar. Para facilitar a mobilidade e aumentar a praticidade, todo aquele luxo e ostentação, presente até o início do século XX, passou. Na década de 1920, as mulheres não queriam saber de adornos gigantescos na cabeça ou espartilhos apertados. A sociedade fazia questão de esquecer o passado para pensar no futuro, no progresso. Tudo o que pertencia ao período antes da Guerra deveria ser esquecido e a moda prática, linear e modernista tomou conta do período até 1929.
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Mudança radical
A década de 20 foi palco de uma mudança radical na moda. O corpo feminino precisava passar uma imagem de ágil, jovem e magricela. Os cabelos eram curtos, a linha da cintura caiu e foi parar perto dos quadris. Os chapéus mais populares eram os chamados cloche, justos, sem aba, em forma de sino. O vestido chemise criava uma silhueta reta e tubular, os tecidos mais usados eram os fluidos e confortáveis e as cores mais valorizadas faziam parte de uma paleta neutra: azul-marinho, preto, bege e cinza.
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Coco Chanel: referência até hoje
O estilista Paul Poiret teve uma grande participação nisso, mas quem realmente mudou a cabeça e os guardas-roupas das mulheres da década foi Gabrielle Bonheur Chanel. Com o estilo à la garçonne inspirado por Paul Poiret, o legado de Coco Chanel perdura até hoje. Coco Chanel criou a típica mulher dos anos 1920. Suas linhas simples e peças roubadas do guarda-roupa masculino resultaram em criações atemporais, como o vestido preto básico, o conjuntinho de tweed, a combinação cardigã, blusa e saia e a primeira calça feminina. A primeira loja que Chanel abriu apenas vendia chapéus. E ela era muito boa nisso. Tão boa que aparecia frequentemente nas melhores revistas de Paris e era super requisitada pela alta sociedade. Assim, ela caiu nas graças não só das francesas, mas do mundo inteiro.
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Na maquiagem
A mulher tinha a necessidade de realçar os olhos e a boca. As sobrancelhas eram cuidadosamente delineadas e as pestanas fixadas com rímel. Os tons de preto sobressaíam os olhos, pois eram um elemento atrativo indispensável da mulher. Os lábios eram pintados de modo a realçar o lábio superior, e as unhas eram longas, pintadas de vermelho, dando às mãos um ar aristocrático.
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As melindrosas
Ser uma garota melindrosa (flapper) era uma mania nos anos 20, quando algumas mulheres se rebelaram contra as rigorosas expectativas sociais sobre o sexo feminino. As melindrosas eram mulheres que gostavam de “estar na moda e seguir as tendências do momento” e seu comportamento público foi muitas vezes considerado inaceitável ou muito “além”. As melindrosas foram diferenciadas pela sua alegre liberalidade para dançar, beber, fumar, usar maquiagem em abundância, e ser amantes de cinema. Quase todas as melindrosas tinham cabelo curto, com um penteado ligeiramente curvo.