Entender qual é o papel do indivíduo na promoção da própria segurança e compreender que a região do Vale do Itapocu está suscetível aos desastres naturais por suas condições geográficas. Estes são os principais pontos que a Associação dos Municípios do Vale do Itapocu (Amvali) busca desenvolver em um trabalho junto à comunidade. Por meio do lançamento de um guia, na tarde de ontem, a entidade promoveu o conceito de autoproteção.
Em sua apresentação do Guia de Autoproteção para Desastres e Situações de Anormalidade, o autor do livro, o voluntário da Defesa Civil de Jaraguá do Sul e um dos fundadores do Grupo Voluntário de Busca e Salvamento (Gerar), Paulo Almeida, destacou que a cultura da autoproteção – no contexto dos desastres naturais – já é algo bastante presente na realidade de países como Japão e Estados Unidos, que constantemente sofrem com calamidades do gênero, mas que ainda precisa ser desenvolvida no Brasil.
Almeida explicou que a Constituição Federal esclarece que a segurança pública é dever do Estado, direito e responsabilidade de todos, o que inclui o próprio cidadão. Além disso, a lei federal 12.608, conhecida como Política Nacional de Defesa Civil, prevê que os órgãos da defesa civil de todas as esferas – municípios, estados e União – orientem as comunidades a adotar comportamentos adequados de prevenção e de resposta em situação de desastre, assim como promover a autoproteção.
“Faz parte da nossa cultura esperar pelo poder público, que até pela falta de recursos, não tem como atender toda a demanda”, comentou Almeida. No guia, o autor reforça que o crescimento populacional e a expansão urbana das cidades sem planejamento leva, muitas vezes, à ocupação de locais de risco, aumentando a vulnerabilidade. Desta forma, Almeida pontua a importância de que a população busque conhecer o trabalho da Defesa Civil e, principalmente, esteja preparada.
“Quando há um desastre natural, como uma inundação, vemos muita gente querendo ajudar os bombeiros, a Defesa Civil, mas são pessoas que não tem preparo”, relatou o voluntário. No guia, a população é orientada a buscar os Núcleos Comunitários de Proteção e Defesa Civil (Nupdec), compostos essencialmente por membros da própria comunidade, atuando de forma voluntária no auxílio a situações de emergência, assim como em trabalhos de prevenção e orientação.
Além disso, a proposta principal do guia de prevenção é a elaboração dos planos de emergência familiar. O autor ilustrou uma situação de emergência, em que cada membro da família encontra-se em um lugar diferente e até mesmo distante. O plano tem objetivo de concentrar informações importantes que permitam a cada membro da família saber para onde devem ir ou o como devem agir. O guia também traz a sugestão para a preparação de kits para emergências, tanto para situações em que é preciso permanecer na residência ou quando houver necessidade de deixar o local. Com apenas 500 exemplares, uma segunda edição do livro deve ser lançada, com 1,5 mil unidades, com o apoio da Amvali e também do Fehidro (Fundo Estadual de Recursos Hídricos).
Ações integradas para prevenção
A engenheira florestal da Amvali, Karine Holler, apresentou as ações dos colegiados regionais de defesa civil, desde 2012, em cada um dos sete municípios, para prevenir desastres naturais no âmbito da bacia hidrográfica do Rio Itapocu. A engenheira destacou a importância das ações serem realizadas considerando as condições geográficas de toda a região.
“Corupá recebeu recursos do Governo do Estado, de R$ 800 mil, para o desassoreamento de rios. Mas Jaraguá do Sul também faz esse trabalho”, comentou a engenheira, citando o desassoreamento de 50 pontos em rios de Jaraguá do Sul, iniciado em 2014, e o trabalho que começou a ser feito este ano em Corupá.
Com a apresentação das ações integradas dos colegiados, o objetivo da Amvali é promover o entendimento entre a população de que os municípios que compõem a entidade estão naturalmente suscetíveis a desastres como inundações e deslizamento de terra, pelo fato de a região estar inserida em um vale e possuir um solo com essa característica, entre outros fatores. “Por isso também promover o conceito da autoproteção junto à população”, reforça Karine.