A s exportações de Jaraguá do Sul registraram queda de 13,4% em julho, na comparação com o mês anterior. O índice reafirma a volatilidade econômica do mercado nacional que, segundo especialistas, vem sofrendo os impactos da oscilação do dólar, das altas taxas de juro e da retração do mercado internacional.
No sétimo mês do ano, as vendas externas somaram US$ 40 milhões no município, enquanto em junho haviam alcançado os US$ 46,3 milhões (alta de 15,1% em relação a maio). O resultado é o pior para um mês desde julho de 2006, quando as exportações somaram US$ 38,3 milhões.
Na comparação com o mesmo mês do ano passado, a retração das vendas ao comércio internacional foi de 25%. No acumulado do ano, a queda é ainda mais acentuada e chega a 30,6%. Os dados são do Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC).
De acordo com o economista e professor da Católica de Santa Catarina, Jamis Antonio Piazza, até então a valorização do dólar tornava as exportações atrativas para a indústria local. Entretanto, a retração do próprio mercado internacional e a queda no preço dos commodities (produtos de baixo valor agregado ou que não sofrem processos de alteração, como frutas e cereais) impulsionou uma desaceleração nas vendas.
“Com a retração do dólar [que chegou a R$ 3,13 esta semana] as exportações tendem a cair ou oscilar mais. Além disso, com a queda no preço dos commodities, provocada pela sobra destes produtos no mercado, se torna menos atrativo vender para fora”, explica o economista.
Como reflexo, as importações tendem a crescer, mesmo que em ritmo lento. Em julho deste ano, Jaraguá do Sul importou US$ 21,9 milhões, um avanço de 6% na comparação com o mês de junho. No ano, as importações apresentam uma queda inferior às exportações, com retração de 28,5%. O resultado é uma balança comercial equilibrada e com superávit nos sete meses do ano.
Conforme Piazza, a balança comercial brasileira é hoje um dos aspectos mais positivos da economia e as exportações têm ajudado a manter o faturamento de muitas empresas diante da insegurança do mercado interno. Entre janeiro e julho deste ano, a balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 28,2 bilhões, o melhor resultado para os sete primeiros meses do ano desde o início da série histórica do Ministério da Indústria, em 1989, ou seja, em 28 anos.
“Poderíamos estar ainda mais competitivos no mercado internacional, mas o alto custo para a produção e manutenção do negócio nos leva a perder competitividade”, analisa o economista.
Por outro lado, Piazza ressalta que as importações também ocupam seu papel no mercado interno e representam, muitas vezes, aumento de competitividade para as empresas. “Muitos insumos e equipamentos precisam ser importados para que nossa indústria continue a oferecer um produto com alto valor agregado. Por isso é importante haver equilíbrio e controle junto ao mercado internacional”, argumenta.
Cenário político irá influenciar rumo da economia
Segundo avaliação de Piazza, o cenário de instabilidade deve prevalecer até a definição do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Roussef. Na última quarta-feira, o dólar fechou em queda pela sétima sessão seguida com a diminuição nos preços de petróleo e após o Senado aprovar o relatório da Comissão Especial do Impeachment, que recomenda o julgamento de Dilma.
“O que se observa é uma tendência a valorização da bolsa de valores e a permanência do dólar no patamar atual. Mas isso também irá depender das políticas econômicas adotadas pelo governo americano”, analisa Piazza, salientando que, ainda assim, é difícil o dólar ficar abaixo dos R$ 3 este ano. As medidas de estímulo para evitar uma desaceleração global devem aos poucos aumentar o fluxo para mercados emergentes, como o brasileiro.