Você que faz ou já praticou Pilates já deve ter ouvido várias vezes o seu instrutor de Pilates falar, “abre o peito”, “peito para fora”, “mantenha o peito aberto”. Para mim, essa fala vai muito além de um alinhamento e uma correção postural. O Pilates me ensinou a ter um olhar muito mais profundo, além de um corpo físico.
Quando fechamos o peito, nós nos fechamos para o mundo. Recolhemo-nos para dentro, sem conseguir andar para frente e bloqueando muita coisa que nossa boca não consegue falar. É simples abrir o coração? Claro que não. Temos medo de nos expor e da reação alheia, do julgamento, da percepção, da distorção.
Na maior parte das vezes o sentimento de medo é real, embora exista uma pequena chance de concretização do que nos assusta, pois na maior parte das vezes, o enredo que criamos é construído em cima do fruto da nossa imaginação. Viver é um ato de coragem de expor a própria vulnerabilidade.
É se colocar no palco, nua e crua, com todas as luzes na nossa direção sem conseguir enxergar a reação da plateia, encarar a própria verdade. Se colocar no palco, se expor ao julgamento é ser protagonista da própria historia.
É arriscar cantar encarando a possibilidade de ser vaiado, de levar tortas na cara. É falar, mesmo correndo o risco de ser mal interpretado.
É se lançar na vida de peito aberto, se dando a oportunidade de sair da armadura que criamos que nos traz uma falsa sensação de proteção, mas nos leva a viver na anestesia, na ilusão, reclusos e encarcerados.
Optar por sair para saber o que tem do outro lado e decidir o que fazer, mesmo que o resultado não seja o esperado é sair da deriva e controlar o leme do barco.
É sair da prisão da dúvida, é encarar, de Peito aberto à vida, como encaramos os exercícios de Joseph Pilates, acreditando que é possível encarar de frente.