Promover a inclusão, o desenvolvimento e a colaboração mútua nas escolas municipais. São estas algumas das metas apontadas pelo docente Paulo Sérgio Praxedes para a criação de um ensino de referência em Jaraguá do Sul. Natural de Goiás, Praxedes é o primeiro professor surdo da rede municipal de ensino e traz para a cidade uma visão inovadora sobre o ensino de libras nas escolas. Na manhã de ontem (10), ele palestrou para cerca de 40 pessoas, entre docentes e gestores, sobre o processo de aprendizado de crianças surdas e sobre a importância de investir em uma educação especial de qualidade.
Com 20 anos de experiência como professor de libras, Praxedes considera a parceria com o município um passo importante na construção de um ensino mais universalizado e eficiente. Segundo ele, crianças com deficiência auditiva tendem a vivenciar diversas barreiras no decorrer da trajetória educacional, o que dificulta o aprendizado e tende a desestimular o desenvolvimento.
“Precisamos criar maneiras para as crianças interagirem, melhorando a comunicação dentro das escolas e com a família. As atividades precisam ser adaptadas, bilíngüe. Essas crianças têm que entender a libra como sua língua principal, para depois vir o português, assim elas podem aprender mais rápido”, acredita Praxedes. Segundo o professor, hoje vivem em Jaraguá do Sul 1.080 pessoas com deficiência auditiva, sendo que nove alunos surdos estão matriculados na rede de ensino do município.
Referência para estimular a inclusão
Praxedes também destacou a importância de oferecer uma referência adulta que se adéque à realidade das crianças. “Por entender a situação delas, o professor surdo consegue se tornar um modelo, estimulando o aprendizado de forma diferenciada”, analisa. “Eu sonho que estas crianças tenham um futuro melhor e quero mostrar que este estímulo vale à pena”, complementa. Atualmente, o professor leciona no Centro de Educação Infantil Jader Marcolla, no bairro Água Verde, e na Escola Professor Henrique Heise, na localidade de Rio da Luz II. Ele deve atuar na rede por dois anos.
De acordo com a gerente de educação especial, Kathlen Hass da Rocha, a proposta é ampliar a atuação do docente de maneira a abranger todas as crianças com deficiência auditiva em escolas municipais. “Esse era um projeto e uma necessidade de muito tempo. Por conta de vários motivos, as vezes os alunos surdos sofrem com uma defasagem da língua e isso interfere na educação. É um privilégio termos este profissional, que é a pessoa mais capacitada para ensinar a língua para eles de forma aprofundada para que eles possam se expressar bem. O aprendizado precisa desta base”, salienta ela.