Mulher que passou 352 trotes para bombeiros terá que explicar o porquê das ligações

Apesar da situação inusitada, trotes para a corporação são esporádicos | Foto Fábio Junkes/OCP

Por: Claudio Costa

20/09/2018 - 09:09 - Atualizada em: 20/09/2018 - 09:51

Uma mulher de 21 anos foi presa pela Polícia Militar na madrugada desta quarta-feira (19), em Guaramirim. Ela é apontada como a autora de 352 trotes contra o Corpo de Bombeiros Voluntários de Jaraguá do Sul.

De acordo com o comandante da corporação, Neilor Vincenzi, as ligações aconteciam há pelo menos cinco dias, principalmente no período da noite.

A autora das mais de 350 chamadas foi encontrada após um cruzamento de dados e, assim que foi descoberta, a Polícia Militar foi chamada para verificar o caso.

A jovem assinou um termo circunstanciado e disse aos policiais que estava comprometida em comparecer em juízo para explicar o porquê dos trotes.

Apuração conjunta

Diante da insistência, os bombeiros voluntários começaram a apurar junto com as polícias Civil e Militar. Até que na noite de terça, a localização da mulher foi descoberta.

“A Polícia Militar foi até o local e o pessoal da central fez a ligação no momento em que a guarnição estava no local. Então, a gente finalizou essa situação. Essa sim é uma situação de trote, em que os telefonemas acabam atrapalhando os nossos atendimentos. Quando a gente atendia, ela continuava insistindo. Quando o bombeiro que estava na central ignorava, ela acabava desistindo”, comenta.

Ao ser surpreendida pelos policiais militares, a suspeita disse que não era ela quem realizava os trotes, mas sim que o seu irmão era quem estava praticando as brincadeiras.

Fato isolado

O comandante da corporação explica que a atitude é considerada um fato isolado, mas casos como esse causam um grande transtorno para os atendimentos, pois congestionam a linha de emergência.

Esse tipo de atitude acaba atrapalhando o atendimento de emergência feito pelos bombeiros voluntários, o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) ou mesmo a PM (Polícia Militar). São linhas que precisam estar desocupadas para que o atendimento seja feito o mais rápido possível.

“Quando são muitas ligações assim, atrapalha. Quando você vai atender alguém, tem esse telefone ligando. É claro que toda a ligação indesejada atrapalha, mas uma situação como essa, provocada por essa mulher, acaba se tornando um problema”, afirma.

“É importante destacar que, se acontecer algum caso como esse, a gente vai acabar descobrindo”, completa.

PM não recebeu trotes neste ano

O chefe da Seção de Comunicação do 14º Batalhão de Polícia Militar, major Aires Volnei Pilonetto, informa que em 2018 não foram registrados trotes na Central Regional de Emergências (CRE), mas já houve histórico de casos.

“Esse tipo de situação não é motivo de preocupação para a Polícia Militar. Acreditamos que isso é cultural. Os policiais da CRE têm esse feeling de registrar esse tipo de ligação. Quando identificamos esse tipo de ocorrência, o nosso sistema mostra a localização. Mesmo que seja um celular, nós acabamos tendo acesso ao endereço do dono”, afirma.

Trote é crime

O trote telefônico, mais comumente chamado de “brincadeira de mau gosto”, é crime, sim.

Esse tipo de ligação, no sentido de mentir, enraivar, atraiçoar, ludibriar, enganar, usurpar, agredir verbalmente a pessoa que se encontra no outro lado da linha, foi considerada como crime, indiferente se a ligação for feita a um cidadão comum ou a serviços públicos.

O Artigo 266 do Código Penal diz o seguinte: “Interromper ou perturbar o serviço telefônico” é crime e o infrator poderá incorrer em pena de detenção de um a seis meses ou multa.

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