Família de vítima de assassinato acredita em tese de latrocínio em Jaraguá do Sul

Por: Claudio Costa

25/08/2018 - 05:08 - Atualizada em: 25/08/2018 - 08:56

A família de Cesar Vasel, 34 anos, assassinado por um grupo de pessoas com facadas, pedradas na cabeça, socos e pontapés, está contestando a tese de legítima defesa usada pelo adolescente de 17 anos que assumiu a autoria das seis facadas.

Em depoimento à Polícia Civil, o menor sustentou que agiu em legítima defesa de terceiro. Porém, testemunhas das agressões dizem que ele foi vítima de crueldade, tanto que dez dias depois do crime uma grande poça de sangue ainda podia ser vista no pátio da casa dos agressores, onde Vasel caiu agonizando. Ele também teve seus pertences roubados.

Nesta sexta-feira (24), a irmã de Vasel, a dona de casa C.V.B, 35 anos, foi até a Delegacia de Polícia Civil de Jaraguá do Sul para registrar um boletim de ocorrência contra os supostos assassinos. Ela afirma que os assassinos ainda roubaram dele um relógio, um celular e uma corrente de ouro .

“O celular sumiu e a minha mãe ainda está pagando. Ela pagou três parcelas, porque ela comprou em maio”, conta.

A irmã diz que apenas alguns objetos portados pela vítima foram devolvidos após a internação e a necropsia do corpo.

“Nós percebemos que os objetos foram roubados no dia em que fomos até o IML (Instituto Médico Legal). Só recebemos o anel e a pulseira que estava no braço dele. Depois, no hospital, só nos devolveram a carteira. Ainda salvei as fotos em que ele estava com o relógio e a corrente”, destaca.

Família percebeu que alguns objetos de Cesar foram roubados. | Foto Arquivo Pessoal

Agora, a família espera por Justiça. De acordo com a irmã, a vítima não teve chance de se defender do ataque de diversas pessoas. Pelo menos seis pessoas o agrediram, mas a Polícia Civil investiga a participação de três suspeitos, que teriam reagido a uma suposta agressão de Vasel contra a dona da casa em que ele foi morto.

“Ele nunca bateu em uma mulher. Morou seis anos aqui na casa da mãe com a mulher e nunca levantou a mão. Provavelmente, como falaram, ela foi no meio da briga e deve ter se machucado. Mas na delegacia foi muito fácil falar isso”, explica a irmã.

A família também não acredita na versão de que Vasel foi cobrar uma dívida de drogas de Ester. Segundo ela, ele estava em churrasco nas imediações e foi provocado pelos adolescentes.

“Na sexta, ele nos convidou para ir na casa dele, mas nós viemos de outra cidade e decidimos ficar na mãe. Depois, disse que iria nesse churrasco. Às 23h, liguei e ele estava bem. Depois, soube que os piás da outra casa começaram a provocar dizendo que eram “moleque zica do c*” e fazendo sinal de arma”, descreve.

Para delegado, grupo agiu em legítima defesa

O delegado Rodrigo Carriço, que preside o inquérito da morte de Vasel e é o atual responsável pela Delegacia de Proteção à Criança, ao Adolescente, à Mulher e ao Idoso, conta que o caso ainda não tem novidades.

Carriço salienta que continua com a linha de investigação baseada na tese de legítima defesa, mesmo que tenham sido várias pessoas contra uma.

Para ele, é difícil que haja alguma mudança no inquérito mesmo com a família registrando boletim de ocorrência de roubo. Outras testemunhas do caso devem ser ouvidas pela Polícia Civil nos próximos dias.

Carriço observa que as informações colhidas durante o inquérito apontam que a motivação do assassinato tem relação com uma suposta cobrança de uma dívida de drogas. Além do adolescente de 17 anos, outras duas pessoas são alvo do delegado.

“Ele alegou legítima defesa de terceiro. Uma mulher amiga do menor estava sendo agredida com socos pela vítima. Após as agressões, eles acabaram cometendo o homicídio”, conclui.

O crime ocorreu no dia 11 de agosto, em uma casa na rua Clara Schreiner Verbinen, no bairro Estrada Nova. Quando os bombeiros voluntários chegaram no local, a vítima estava desacordada. Eles registraram que havia diversas marcas de pedradas, pauladas e facadas. Vasel chegou a ser socorrido pelos bombeiros e levado para o Hospital São José, mas morreu ao dar entrada na unidade.

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